domingo, 30 de novembro de 2008

PALABRA DEL MUNDO

Memorias del Festival de Poesia de la Habana

Das gratas experiências tidas em Fortaleza, como rever amigos, conhecer novos poetas, receber e oferecer um monte de livros, sentir o calor do Ceará deixando para trás os 12 graus de Lisboa, a movimentação fervilhante no Centro de Convenções sempre repleto de gente, sobretudo estudantes, a venda maciça de livros, apesar dos preços nem serem baratos, foi receber do Alex Pausides, o director do Festival de Poesia de Havana, a antologia “PALABRA DEL MUNDO”, que inclui poemas meus.
Já sabia da edição deste volume, mas com todas as dificuldades que existem em Cuba, tinha a noção que era muito difícil recebê-lo pelo correio. E foi com alguma surpresa (já nem me lembrava) e alegria que recebi este presente do Alex Pausides, o organizador do livro.
PALABRA DEL MUNDO, editado no ano passado, reúne poemas de cerca dos 200 escritores que participaram no Festival Internacional de Poesia de Havana, em 2006, e nas suas 400 páginas deverá conter outros tantos poemas de autores de uma vintena de países, todos traduzidos para o castelhano.
Entre os participantes, refiro apenas os nomes de Thiago de Mello, Ernesto Cardenal, Evgueni Evtushenko, Nancy Morejón, Pierre Bernet, Tito Alvarado, Elena Liliana Popescu, Corsino Fortes e Gaetano Longo.
Tenho dois poemas nesta antologia – “El Dedo” e “Deseo(s)”. Este último fez um enorme sucesso a primeira vez que o li, sussurrado ao microfone no Teatro Lido de Medellín, na Colômbia, perante uma audiência de mais de 500 pessoas, que enchia o Teatro. Fiquei com um nó na garganta quando depois de ler o poema, aquelas centenas de pessoas se levantaram a aplaudir, coisa que nunca me tinha acontecido…
O Festival de Poesia de Medellín foi também uma experiência única, porque nunca vi (e acredito que os outros poetas também não) tanta gente verdadeiramente encantada com a poesia, ficar horas a ouvir poetas de diferentes países a dizerem os seus poemas nas respectivas línguas (e à chuva, como uma vez assisti), a absorverem literalmente as palavras que dizíamos, mesmo sem as compreender a maior parte das vezes. Parabéns mais uma vez Fernando Rendón, pelo teu Festival único !
Regressando ao Festival de Poesia de Havana, foi igualmente uma experiência gratificante pela maneira calorosa e amável com que o povo cubano recebeu os poetas, e as leituras feitas em diversos locais, onde as pessoas interrompiam o seu trabalho para ouvir ler poesia e para, muitas vezes, lerem também os seus poemas, numa desinteressada e interessante troca de experiências e de leituras, à qual se seguiam conversas sobre os poemas lidos.
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DESEO(S)
.
que
mi
lengua
moje
tus
labios
lívidos
lânguidos.
.

que
mis
dedos
recorran
tu
piel
perversa
arrozuda.
.

que
mi
sexo
roce
en el tuyo
y sus
olores se
confundan.
.

que
todos los
secretos
deseos
se sumerjan
profundos
mágicos
y eternos.

sábado, 29 de novembro de 2008

ARTELISBOA
Feira de Arte Contemporânea
Pois é, desta vez nem tive tempo de ir à ARTELISBOA. Com a participação na Bienal Internacional de Livro do Ceará (12 a 21 de Novembro) e com a performance nas V Xornadas de Arte de Acción – Chámalle X, em Pontevedra (25 a 27 de Novembro), nem tive possibilidade de ir espreitar o que estava exposto no Parque das Nações. Nos 2 dias em que cá estive só tive tempo de coordenar o Ciclo Internacional de Performances que começa dentro de uma dezena de dias e de ultimar a minha participação no Chámalle X.
Pelo que me chegou aos ouvidos, a Feira esteve fraca este ano, sobretudo a nível de vendas, reflexo dos tempos que correm…
Fui mais uma vez representado pela Galeria Pedro Serrenho – Arte Contemporânea, que apresentou uma das minhas esculturas em aço inoxidável, que fazem parte da instalação “The Letter as Work of Art”.
A ARTE LISBOA decorreu entre os dias 19 e 24 de Novembro, e na próxima edição espera-se que apareça revitalizada, apesar de ter tido este ano mais galerias participantes, sobretudo estrangeiras.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

LA BIBLIOTECA UTOPICA
LA BIBLIOTECA UTOPICA é um projecto de Vittore Baroni, que consistiu numa exposição de livros de artista de 170 autores de 26 países, que decorreu durante o mês de Julho na cidade italiana de Viareggio.
Vittore Baroni é um poeta visual que se tem dedicado principalmente a esta temática do livro-objecto e também à mail-art, sobre a qual já escreveu alguns livros.
A primeira vez que tive contacto com a obra deste autor foi durante o 1º Festival Internacional de Poesia Viva, que organizei no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, na Figueira da Foz, em 1987.
Na exposição em Viareggio participaram nomes como António Gómez, Scott Helmes, Fernanda Fedi, Wlademir Dias-Pino, Daniel Daligand, Guy Bleus, Jonh M. Bennett, Fernando Aguiar, Graciela Gutierrez-Marx, Massimo Mori, Emílio Morandi, Clemente Padin, Túlio Restrepo, P. J. Ribeiro, Francis Van Maele, etc., etc.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

DE ORFEU E DE PERSÉFONE
DE ORFEU E DE PERSÉFONE – Morte e Literatura, organizado por Lélia Parreira Duarte numa edição da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, reúne nas suas 450 páginas ensaios de uma vintena de professores universitários que analisam, sob o ponto de vista desta temática, a obra de outros tantos autores, curiosamente, quase todos portugueses.
Os escritores estudados são António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís, Milton Hatoum, José Cardoso Pires, Maria Judite de Carvalho, Ruy Belo, João Cabral de Melo Neto, João de Melo, Hélia Correia, Kafka e Hélder Macedo.
Entre os autores dos textos estão Clara Rowland, Dalva Calvão, Flávia Nascimento, Helena Carvalhão Buescu, Ida Ferreira Alves, Mónica Figueiredo ou Teresa Cristina Cerdeira.
Deixei para o fim o ensaio “O Sono sob as Pálpebras: Visualidade e Perpetração da Morte em poemas de Augusto de Campos e de Fernando Aguiar”, um excelente texto do Professor Rogério Barbosa da Silva, que aborda as obras experimentais e visuais de Augusto de Campos e a minha, o que constitui para mim uma honra, ter o meu trabalho estudado em simultâneo com a obra de um dos poetas fundadores da poesia concreta, da qual surgiu todo este movimento internacional da poesia experimental e visual.
De referir ainda que este texto de Rogério Barbosa da Silva inclui vários poemas visuais de Augusto de Campos e meus, que são, aliás, as únicas imagens publicadas nesta volumosa antologia.
Fernando Aguiar, "Desbravando os Caminhos do Texto", 1980

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

INTER Nº 100
Art Actuel
A edição comemorativa do centésimo número da revista INTER é dedicada à cidade do Québéc, de onde a revista é originária.
Dirigida por Richard Martel, aborda as actividades artísticas desta bonita cidade canadiana entre 1978 e 2008 (estive lá em 1990 a participar na 1ª Bienal de Arte do Québéc) nas artes visuais, arquitectura, urbanismo e escrita.
Com 140 páginas cheias de ilustrações de grande qualidade, esta é mais uma importante edição da INTER, que no final dos anos 80 foi uma referência para mim por ser, na altura, uma das mais significativas revistas de arte contemporânea que me chegavam às mãos.
Agora faço parte do seu comité de redacção internacional juntamente com outros 25 autores, entre os quais Bartolomé Ferrando, Jacques Donguy, Balint Szombathy, Artur Tajber e Gusztáv Üto.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

THE LETTER AS WORK OF ART
Inaugurou no dia 1 de Novembro na Galeria Pedro Serrenho – Arte Contemporânea, a minha instalação “THE LETTER AS WORK OF ART”, constituída por 50 poemas visuais e por duas esculturas em aço inoxidável, realizadas este ano.
Passo a transcrever excertos do texto que escrevi para o desdobrável da instalação: “Essas obras foram produzidas em cerca de 2 meses, entre o final de 1991 e o princípio de 1992, com o objectivo de criar poemas visuais com um número mínimo de elementos, valorizando a componente formal desses “poemas” que, em muitos casos, se resumiam apenas a uma letra trabalhada estética e criativamente no pequeno espaço de uma folha.
Foram realizadas cerca de 100 pequenas obras sob o conceito “a letra é o poema”, onde a letra, a pontuação ou a acentuação, enfim todo e qualquer sinal gráfico que pudesse ser utilizado na comunicação no âmbito da cultura ocidental, resultasse na obra de arte. O que obviamente não foi fácil. A partir dos resultados obtidos, foram posteriormente desenvolvidos esboços para pinturas, esculturas em pedra, esculturas em metal, obras em metal para parede e instalações, que continuam ainda em projecto.
É uma selecção desse trabalho de pesquisa/produção que agora se apresenta, resultando os elementos expostos num ambiente onde a temática são as letras, a forma e o corpo destas, dando origem a obras que perderam a força da semântica para privilegiarem uma comunicação que se efectua pela(s) forma(s) e pelos materiais em que esses grafemas são apresentados.”
“Várias destas obras foram, ao longo dos anos, publicadas em revistas e em jornais culturais em Portugal, Espanha, Brasil, Itália, Canadá, Holanda, Austrália, U.S.A., França, Hungria e na Jugoslávia, em antologias literárias em Espanha e no Canadá e em catálogos de exposições na Polónia, Brasil, França, Espanha e em Portugal. Em 1994 a editora da Universidade de Siegen, na Alemanha, publicou na sua colecção “experimentelle texte”, o livro “Minimal Poems”, com 35 dessas obras minimalistas.”
Simultaneamente inaugurou a exposição de pintura do Vitor Pinhão, um dos melhores desenhadores que existem neste país.
A Galeria Pedro Serrenho fica na Rua Almeida e Sousa Nº 21, em Campo de Ourique, e está aberta de Terça a Sábado das 11.00 às 13.00 e das 14.00 às 20.00 horas. Tel. 21.393.07.14