quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

 
 
AMADO AMATO
 
Para comemorar os 500 anos do nascimento de Amato Lusitano, a Câmara Municipal de Castelo Branco acaba de publicar uma antologia de poesia organizada por Pedro Miguel Salvado e por Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata.
 
Nas palavras dos organizadores da antologia, esta publicação pretende lembrar João Rodrigues de Castelo Branco, conhecido na Europa da renascença como o médico Amato Lusitano, doutor e humanista de origem judia, “o insigne médico que se tornou cidadão do mundo e cuja memória não é apenas uma saudade de homem ilustre, mas um manancial de investigação num cortejo de desempenhos e de história da medicina”.
 
Conta com a colaboração de cerca de 90 escritores de vários países: Albano Martins, Alice Spíndola, Américo Rodrigues, Antonio Miranda Ana Luísa Amaral, António Ramos Rosa, António Salvado, Astrid Cabral, Aurelino Costa, Carlos Nejar, Carlos Vaz, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Fernando Grade, Gabriela Rocha Martins, Hendrick Van Noort, Isabel Leonor Salvado, João Camilo, João Rasteiro, Jorge Fragoso, Jorge Velhote, José Antunes Ribeiro, José do Carmo Francisco, José Emílio-Nelson, José Maria Muñoz Quiros, Manuel António Pina, Maria Estela Guedes, Maria do Sameiro Barroso, Miguel de Carvalho, Nicolau Saião, Porfírio Al Brandão, Raúl Vacas, Ruy Ventura, Sandra Guerreiro, Stefaania di Leo, Sylvia Beirute e Victor Oliveira Mateus, entre outros.
 
O poema que incluí nesta antologia:

 
CONTRADICÇÕES
                                                                                      
se retraço / se refaço / se prossigo e mais não digo /
se repasso e não trespasso / se redigo e não consigo /
se engraço e no compasso / ameaço e lá religo /
porque o faço ? / porque traço?/
porque maço ?/ porque sigo ?

se espero e desespero / se não quero e me redimo /
se não esmero /  pois não quero / se fero, firo e afirmo /
se refiro e não confiro / largo, tiro e animo /
porque opero ? / que tolero ? /
porque gero ? / o que estimo ?
 
se ocupo e não me culpo / se desculpo e não consinto /
se exulto e em vão oculto / se permuto e não me minto /
se não esqueço e enlouqueço / se mereço o labirinto /
porque expresso ? / porque acesso? /
se regresso e lá repinto ?
 
se envolvo e não resolvo / se promovo e mal não passo /
se osculo e sim discorro / se ocorre e não me escasso /
se parece e transparece / se na prece não me enlaço /
quem esquece ? / que acontece ? /
porque aquece ? / que desfaço ?
 
se acorro e lá percorro  / se do pranto faço encanto/
se aprovo e não recorro /  e o recanto é sacrossanto /
se escorro e subo o morro /  adianto e entretanto
porque incorro ? / porque morro ? /
se concorro e faço tanto ?
 
 
 
                 
 

 
                 
 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

 
MUSEO VOSTELL MALPARTIDA
 
Até Março estará patente no Museo Vostell Malpartida, em Malpartida de Cáceres, Espanha, a exposição “Artistas de España y Portugal en la colección del Museo Vostell Malpartida”, inaugurada no passado dia 14 de Dezembro.
 
Reproduzo o texto de apresentação da exposição, numa tradução “simultânea”: “ A dimensão internacional, que permitiu à Estremadura incorporar-se no conceito de modernidade cultural em 1976 esteve, desde o primeiro momento, vinculada à presença de Wolf Vostell em Malpartida de Cáceres e a todos os laços que, por sua iniciativa, se estabeleceram com artistas de Espanha e Portugal, no marco do Museo Vostell Malpartida.”
 
“Quando a 30 de Outubro do referido ano se inaugurava “VOAEX” – a primeira escultura-ambiente de Wolf Vostell em Los Barruecos – Portugal esteve já presente nesse momento tão significativo, pois o olhar expectante do artista luso Ernesto de Sousa misturou-se então com a contemplação atenta de numerosos malpartideños, artistas, colecionadores e historiadores de arte. Desde então, Wolf e Mercedes Vostell centraram o seu entusiasmo e empenho em propiciar vínculos culturais e criativos cada vez mais fortes com e entre artistas de ambos os lados da fronteira.”
 
“A colecção do Museo Vostell Malpartida enriqueceu-se ao longo de mais de trinta anos de vida dessa frutífera relação com artistas espanhóis e portugueses. O valor daqueles primeiros encontros ibéricos em Malpartida de Cáceres, faz agora pertinente a exposição “Artistas de España y Portugal en la colección del Museo Vostell Malpartida”, pequena seleção entre o extraordinário conjunto de obras cuja natureza está sustentada nas relações de amizade e reconhecimento mútuo que Wolf Vostell soube estabelecer e cultivar com os grandes criadores que quiseram partilhar com ele fragmentos de arte e vida.”
 
Dos 44 artistas presentes nesta exposição refiro, pela ordem do cartaz (com um belíssimo poema visual de Antonio Gómez) os portugueses Fernando Aguiar, Helena Almeida, António Barros, Alberto Carneiro, Fernando Curado Matos, José Alberto Monteiro Gil, Ção Pestana, Joana Rosa, Túlia Saldanha e Ernesto de Sousa. Entre os espanhóis destaco Rafael Canogar, Nacho Criado, Equipo Crónica, Esther Ferrer, Antonio Gómez, Juan Hidalgo, José Iges, Concha Jerez, Antoni Muntadas, Pere Noguera, Agusti Puig, Joan Rabascall, Albert Ráfols-Casamada, Antonio Saura e Wolf Vostell.
 
Em baixo, a foto de uma pintura minha na inauguração de uma exposição coletiva no Museo Vostell Malpartida, em fevereiro de 2010, com uma obra do António Barros em segundo plano.
 
Fernando Aguiar, "Arte D'Escrita", 1996

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

 
CONTENEDORES
 
Rubén Barroso organizou em Sevilha, durante 9 anos, um importante Festival de Performance que intitulou “CONTENEDORES”. Em 2010 comemorando o 10º aniversário do Festival, editou um catálogo que reúne esses anos de intensa atividade criativa e performativa: “CONTENEDORES – MUESTRA INTERNACIONAL DE ARTE DE ACCIÓN – Una década de performance en Sevilla (2001-2010).
 
Com uma impressão em quadricromia de excelente qualidade (característica das edições espanholas, para além do usual baixo preço de venda ao público), o catálogo tem 192 páginas que retratam as performances realizadas por mais de 150 artistas internacionais de diferentes gerações, assim como as conferências, ateliers, videoperformances, instalações e exposições realizadas no âmbito de CONTENEDORES.
 
O catálogo reúne igualmente textos de artistas, comissários e investigadores, entre os quais Joan Casellas, Bartolomé Ferrando, Nieves Correa, Fernando Aguiar, Carlos Tejo, Hilario Álvarez, Maria AA, Nelo Vilar e Paco Almengló.
 
Dos performers que embarcaram nesta aventura (eu participei na edição de 2006) estão Antonio Gómez, Angel Pastor, María Cosmes, Rubén Barroso, Orquesta Performance, Fausto Grossi, Fernando Millán, Esther Ferrer, Maria Marticorena, Nicola Frangione, Los Torreznos, Roxana Popelka, Pepe Murciego, Juan Hidalgo, Montserrat Palacios, Llorenc Barber, Valentin Torrens e Pere Noguera.
 
 
 

 


Fernando Aguiar, "Acción Poética", Sevilha, 2006

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

 
PROYECTOR 2012
 
PROYECTOR 2012 – 5th International Videoart Festival é um evento com a apresentação de instalações, videoperformances, projecções, conferências, ateliers e mesas-redondas que se realiza em Madrid, com ligações a Coimbra e a Lisboa, e que decorreu este ano entre os dias 14 e 23 de Dezembro.
 
No texto de apresentação do Festival, refere-se que “En esta quinta edición PROYECTOR continúa ahondando en su vocación de diálogo internacional (sobre todo entre Portugal y España, que de nuevo parecen confinados al estigma de la periferia) y de experimentación formal.(…) El emplazamiento en torno a dos ejes: el cuerpo y la calle. Asumimos el espacio como elemento político, de ahí que este año pretendamos incidir en la dimensión del cuerpo y del espacio público como lugares de contienda y militancia, de empoderamiento cívico.”
 
“Entendemos que las prácticas visuales han de dirigirse -en un movimiento centrífugo- hacia la población, por ello apostamos por la calle, los espacios independientes y los talleres de artistas como emplazamientos que desean saberse próximos a los ciudadanos. PROYECTOR quiere reafirmar la ‘performatividad social’ del arte, trabajar por fortalecer, a través del lenguaje visual, su inherente capacidad de agencia y transformación.”
 
No âmbito do Festival, o poeta Marcio-André organizou no Matadero Madrid, uma sessão de videopoemas com obras de Augusto de Campos, E. M. de Melo e Castro, Endre Szkárosi, Marcio-André, Fernando Aguiar, Gab Marcondes, Ricardo Aleixo e Luis Alvarado.
 
 
Fernando Aguiar, "Dentro de Fora. Fora de Dentro", 2006
 


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

 

REVISITACIÓN
 
E um novo ano de crise começa menos mal: com a edição do livro REVISITACIÓN, publicado pela Babilonia, de Navarrés (Valencia), Espanha. Integrado na coleção “Pliegos de la visión”, tem uma tiragem de 250 exemplares numerados pelo editor Francisco Pérez, 44 páginas impressas a cor e um prefácio de César Reglero.
 
REVISITACIÓN é constituído por 38 colagens realizadas entre 1998 e 2009, parte delas inéditas e as restantes foram quase todas realizadas para participar em exposições de poesia visual ou para colaborar em revistas. E representam uma seleção das muitas dezenas que foram feitas durante esse espaço temporal.
 
Em comum o facto de terem como ponto de partida uma ou mais fotografias das minhas performances poéticas, metodologia que tenho utilizado desde os anos 80, e que são uma característica da quase totalidade das minhas colagens. Daí o título, considerando que são obras compósitas, isto é, uma (re)criação a partir de uma obra realizada anteriormente.
 
Foi um livro que gostei muito de fazer, tanto pela facilidade com que foi trabalhar com o Francisco Pérez, como pela possibilidade de rever trabalhos meus que já não via há alguns anos.
 
Nas (amáveis) palavras de César Reglero, “Este mundo mágico del abecedário tipográfico, Fernando Aguiar lo domina como un auténtico virtuoso de la metamorfosis de las letras y las palabras. Pocas vezes estas adquieren la importância que obtienen de la mano de este mago poético que, en ocasiones nos recuerda a Joan Brossa y otras a Kurt Schwitters en sus collages.”
 
“Sin embargo, Aguiar tiene unas características próprias y es inconfundible por el mimo com que trata el símbolo linguístico, por el colorido fonético que se desprende de sus obras y la estética de sus composiciones.”
 
 
Fernando Aguiar, "Homenagem a Jorge Lima Barreto", 2011
 

Fernando Aguiar, s/ título, 1998
 

Fernando Aguiar, "Para Shozo Shimamoto", 2003
 



Fernando Aguiar, s/ título, 2006



Fernando Aguiar, s/ título, 2006



Fernando Aguiar, "Para Francesco Conz", 2006