terça-feira, 24 de novembro de 2009

BRAIN CELL Nº 751
BRAIN CELL é uma publicação atípica, mais ou menos semanal, constituída por material recuperado dos envelopes, postais, folhetos, carimbos, moradas, pequenos desenhos, pinturas, frases, fotografias, recortes, etc. que são regularmente enviados ao artista japonês Ryosuke Choen e com os quais ele compõe uma amálgama de informação visual, que é depois tratada cromaticamente por um processo electrográfico, resultando em obras com uma beleza muito própria.
Depois faz uma tiragem de 130 a 150 exemplares destas folhas com um formato A-3, numera-as, assina-as e envia as obras, acompanhadas por uma listagem com os autores dos elementos utilizados a todos os “participantes” (cerca de 50 de uma vintena de países por cada edição), exposições, revistas e a outras pessoas.
Por vezes cola vários números de BRAIN CELL de modo a obter uma superfície de maiores dimensões e sobre esse conjunto de folhas desenha e pinta com tinta da china o seu próprio perfil ou o perfil de outros artistas que ele vai visitando nas inúmeras viagens que faz por todo o mundo.
Há alguns anos esteve em Portugal, mas nessa altura também eu estava fora do país e não tive oportunidade de o conhecer pessoalmente, considerando que já nos correspondemos desde, pelo menos, 1986. Em 1987 apresentei cerca de duas dezenas destas obras no 1º Festival Internacional de Poesia Viva, que teve lugar no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, na Figueira da Foz.
Já participei em 21 números desta peculiar publicação, sendo este Nº 751 a minha “colaboração” mais recente…

terça-feira, 17 de novembro de 2009

EM TRÂNSITO
A Fundação Portuguesa das Comunicações apresenta no Museu dos CTT a exposição EM TRÂNSITO – Arte Postal / Mail Art, comissariada por Carlos Barroco. O local da exposição não podia ter maior significado, considerando que a arte postal utiliza precisamente o correio como “média” para a concretização do acto artístico, porque sem ser mediada por este serviço, a “mail art” deixava muito simplesmente de o ser. Ou pelo menos de o ser à escala internacional, que é, aliás, outra característica da arte postal.
Segundo a história, terá sido Ray Johnson (que tem neste momento uma exposição dedicada ao seu trabalho como mailartista no MACBA de Barcelona em simultâneo com a exposição dedicada a Jonh Cage) e alguns membros do grupo FLUXUS que em 1962 terão “formalizado” este tipo de arte muito pouco formal, aliás, já que muito antes dessa data os futuristas, dadaístas e surrealistas utilizaram esta via para trocar objectos artísticos. Inclusivamente por cá aconteceu o mesmo, e a exposição mostra, por exemplo, obras de Cruzeiro Seixas anteriores a essa data.
Apesar de ainda hoje ter inúmeros adeptos e de se realizaram bastantes exposições em todo o mundo, principalmente na América latina, a “mail art” teve o seu apogeu nos anos 70 e 80, quando se multiplicaram por todo o mundo centenas de exposições organizadas quase sempre pelos próprios artistas que, nas suas cidades, apresentavam os trabalhos de artistas de outros países.
Pessoalmente acho que esse factor foi relevante para o banalizar deste tipo de arte que, por “demasiado” democrático fez com que toda a gente participasse (era aliás uma das premissas), incluindo muita gente que nunca teve ligação à arte mas que pontualmente participava numa ou outra exposição, o que acabou por nivelar por baixo muitas dessas mostras e, aos poucos, muitos pintores, performers, escultores, escritores, fotógrafos, etc. deixaram de participar, pelo menos de forma assídua, nas mesmas.
Outro factor que levou vários poetas visuais a deixarem de colaborar nas mostras de mail arte foi porque a dada altura muita gente julgava que poesia visual e arte postal eram a mesma coisa o que, obviamente, nunca foi. Mas a confusão generalizou-se, e isso também fez com que muitos poetas visuais se afastassem da “mail art”.
Voltando ao EM TRÂNSITO, a exposição está bem montada, o que permite uma leitura agradável, o catálogo excelente, e o único senão é o limitado espaço da(s) sala(s), considerando que a exposição se poderia facilmente multiplicar por 5 ou 6 vezes. Até porque muitos dos “mail-artistas” que participam na exposição têm também os seus próprios arquivos o que potenciaria uma exposição desta natureza.
Ainda assim a mostra é significativa pela variedade de nomes e pela qualidade dos objectos expostos. De entre os portugueses estão António Areal, Carlos Calvet, Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Albuquerque Mendes, Ana Hatherly, António Aragão, António Olaio, António Viana, Armando Azevedo, Carlos Barroco, Carlos Ferreiro, Carlos Gordillo, Costa Pinheiro, Da Rocha, Emerenciano, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Francisco Relógio, Gerardo Burmester, Irene Buarque, Irene Ribeiro, João Dixo, João Prates, Joaquim Lourenço, José de Guimarães, José Mourão, Manoel Barbosa, Manuel Casimiro, Maria Soares, Rogério Silva, Romualdo, Vítor Belém, Vítor Pi e Vítor Silva Tavares.
Do estrangeiro são também bastantes os participantes, desde o incontornável Guglielmo Achille Cavellini passando por Ângela & Henning Mittendorf, Edgardo-Antonio Vigo, Serge Luigetti & Michael Groschopp, Paulo Bruscky, Monty Cantsin, até outro incontornável, o japonês Ryosuke Cohen.

Fernando Aguiar, "Arte Postal", 2005

terça-feira, 10 de novembro de 2009

BOEK861
A publicação electrónica “Boek861” dirigida por César Reglero é já uma referência para quem gosta de arte postal mas, sobretudo, de poesia visual.
Ao longo dos últimos anos tem divulgado todos os assuntos relacionados com poesia visual (exposições, edição de livros, revistas, artigos, etc.) e, mais recentemente, está a editar uma antologia electrónica coordenada por Edu Barbero, que apresenta regularmente a obra de um poeta em forma de livro electrónico e também um slideshow com poemas “publicados” no livro, e outros do mesmo autor.
São já várias dezenas os poetas que têm as suas obras editadas pela “Boek861”, sempre com uma apurada preocupação estética e um design “editorial” de grande qualidade.
Esta semana publicaram os meus trabalhos, e o resultado é o que se pode ver em baixo. Para mais informações, ir a www.boek861.com.
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terça-feira, 3 de novembro de 2009

INTER
A revista INTER – Art Actuel tem como tema do número 102 “Résistance et Intégration à l’ère de la Globalisation”.
São 140 páginas dedicadas à arte contemporânea com artigos que abordam os diversos aspectos da globalização na arte. Este número é bilingue (francês e espanhol) considerando que dedica um extenso dossier à arte de artistas do Québec em Havana, com textos também de alguns autores cubanos. Inclui ainda um artigo sobre as organizações e os movimentos artísticos latinos no Canadá.
Colaboram neste número Serge Pey, Richard Martel (o director da revista e do colectivo Le Lieu), Fernando Aguiar, Marc Mercier, Guy Sioui Durand, Sílvio de Gracia, Nelo Vilar, Joel Hubaut, Bryan Connoly, Domingos Cisnéros, e Stuart Briesley, entre muitos outros.
De salientar a excelente capa e o design interior da revista, que são já marcas de qualidade desta revista publicada há vários anos no Québec e que é desde há muito uma referência na arte contemporânea nas áreas dedicada à instalação, fotografia, vídeo e à performance, de que o presente número é um bom exemplo. E bastante ilustrativo, até pela quantidade de imagens que acompanham os textos…
Tem um comité de redacção internacional, do qual também faço parte, que integra nomes como Elisabeth Jappe, Bruce Barber, Bartolomé Ferrando, Julien Blaine, Jacques Donguy, Balint Szombathy, Giovanni Fontana, Artur Tajber e Clemente Padin.
Fernando Aguiar, instalação, ITCA - International Triennale of Contemporary Art, Praga, 2008