quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

 
REDE DE CANALIZAÇÃO
 
Para terminar o ano mais uma efeméride: faz este mês 25 anos sobre a publicação do livro “REDE DE CANALIZAÇÃO”, o primeiro (e penso que o único até agora) livro editado em Portugal, que recria a apresentação de uma performance, considerando que uma sucessão de imagens será sempre uma visão parcial e seccionada de uma ação, e que nem através do vídeo se consegue reproduzir nas suas inúmeras dimensões o ato irrepetível de uma intervenção estética.
 
REDE DE CANALIZAÇÂO – a performance – foi realizada no dia 24 de Junho de 1983 na ALTERNATIVA 3 - III Festival Internacional de Arte Viva, em Almada, organizado pelo crítico Egídio Álvaro (e foi gravada em vídeo, ficando o mesmo na posse da Secretaria de Estado da Cultura e / ou Egídio Álvaro, do qual nunca tive acesso a uma cópia).
 
O livro “REDE DE CANALIZAÇÃO (uma intervenção consoante)” está dividido em 4 capítulos: “Pressuposto ou a atitude” (onde aparecem as diversas manilhas de esgoto pintadas apenas com as vogais), “Comportamento ou o gesto” (com imagens da minha intervenção sobre as mesmas), “Consecução ou o efeito” (com as consoantes já pintadas e as diversas palavras completas), “Súmula ou a iniciação” (com uma fotografia das diversas manilhas agrupadas, permitindo uma aleatória leitura do conjunto) e “Ruptura ou o curto-circuito” (com 3 versões das manilhas deitadas e sobrepostas, criando uma “amálgama” ou um poético “entrelaçado” de palavras, materializadas pelos objetos em cimento e algumas tábuas onde estas foram pintadas.
 
Os dois últimos capítulos não fizeram parte da intervenção poética, como a intitulei na altura, resultando apenas na composição estético-poética de fotografias que foram tiradas posteriormente à realização da performance.
 
Com fotografias de Luís Garcia e de Fernando Aguiar, o livro acabou por ser impresso apenas em 1987 (precisamente em Dezembro), numa coedição do autor e da Câmara Municipal de Almada, nas oficinas gráficas desta.
 
 
 

 
 

(Esta imagem não faz parte do livro, é apenas uma versão da foto do 3º capítulo, mas como é uma fotografia inédita achei interessante mostrá-la)
 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

 
IDEIAS DE IMAGEM
 
 
O segundo número da Revista Ideias de Imagem surge na sequência do Ciclo de Confluências, que teve lugar em 2009 em Belo Horizonte, no Brasil, organizado por Izabel Stewart e por Dudude, a diretora da revista.
 
No editorial, Dudude afirma que “É sempre bom lembrar que tal evento invoca a invenção, o atravessamento de habilidades distintas em torno das Ideias de Imagem, o que talvez um neurologista, um artista, um poeta, um dançarino possam pensar sobre imagem. Prezando sempre pela livre escrita, ou se escreve, ou se desenha e, para tanto, todos os colaboradores foram convidados a ativar subjetivamente o sentir Ideias de Imagem.”
 
Entre os quais estão Paola Rettore, Paulo Azevedo, Vera Casa Nova, Marcelo kraiser, Rodrigo Quintela, Fernando Aguiar, João Saldanha, Guto Moniz, Angela lago, Inês Rabelo, ou Marcelo Márquez.
 
A Revista versa em português e em espanhol (para cada número é eleita uma língua estrangeira para “dançar” com a portuguesa, tem um formato próximo do A-4 e 240 páginas plenas de fotografias, textos, desenhos, poemas, pintura, tudo de excelente qualidade e com muita criatividade à solta.
 
Termino com palavras de Dudude: “Um exercício de liberdades, de suposições, de permeabilidades, de impermanências entre pessoas, entre espaços, a vida vale todo o tempo, portanto, vamos ao experimento !”
 
Fernando Aguiar, "Calligraphy", 2006
 

Fernando Aguiar, "Paola's Poem", 2006

domingo, 9 de dezembro de 2012

 
AVESTRUZ
 
Paola Rettore acabou de editar um belíssimo livro de artista intitulado “AVESTRUZ – só tenho rascunhos”, no qual apresenta uma série de “percursos e andanças na cena urbana”.
 
Em “AVESTRUZ”, e por entre textos, poemas e muita fotografia, Paolla expõe algumas das suas obras de dança, nas quais as encenações, a conceção dos figurinos e o contexto em que estas são apresentadas, numa interação solicitada e permanente com as pessoas que passam, resultam em obras estéticas de grande criatividade.
 
O livro, com uma pequena tiragem numerada e algumas das páginas executadas à mão, vem acompanhado por um DVD realizado por Marcelo Kraiser onde se pode ver, na íntegra, as intervenções de onde resultam as fotos e os textos que constituem “AVESTRUZ”.
 
Mas vou passar ao extrato do pequeno texto que escrevi e que vem publicado na contracapa do livro: “Os trajes/figurinos que Paola Rettore re(a)presenta quer em  situações de vivencia urbana, onde em muitas das imagens é revelador o contraste entre a a beleza do adereço e a rudeza do ambiente envolvente “…” quer inseridas no ambiente sofisticado e asséptico do estúdio fotográfico, onde as vestes e a movimentação conjugadas com a singularidade/seriedade das expressões faciais e do exercício da sensualidade do corpo se associam a objetos comuns que, no contexto contribuem para a dramatização da situação registada pela câmara fotográfica, configuram obras de arte “per si”.
 
“No mesmo resultam muitas das fotografias que aqui se podem observar e que conformam obras de arte contemporânea de irrepreensível qualidade artística e técnica. Obras fotográficas que, afinal, a Paola sempre concretizou, a partir da dança, da performance ou na própria edição.”
 
“Nestas fotografias, a artista revela de novo a sua verve criativa, “…” uma artista plenamente embrenhada na conceção e na revelação da sua arte, centrada na dança, mas também no cuidado que sempre demonstrou na criação dos adereços que desenvolveu para a realização do seu trabalho nessa área.”
 
“Ao contrário do belíssimo poema “Acaso Falta” (que em tempos comentei à autora que gostaria de ter sido eu a escrevê-lo), “…alta / falta F // fata / falta L  // fala / falta T // para completar”, neste triplo trabalho de criação estética na inventividade dos adereços - exposição pública - registo fotográfico, tudo fala e nada falta!”
 


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

 
PELA LEONOR VERDURA
 
Estreou no dia 29 de Dezembro o novo espetáculo do grupo “MANDRÁGORA”, que comemora precisamente 33 anos de vida associativa e onde “ desde 1979 que nos propomos a desenvolver projetos experimentais em regime de pesquisa. No ano e mês em que Mandrágora cumpre 33 anos de existência, apresentamos “PELA LEONOR VERDURA” um percurso através da poesia experimental portuguesa, com encenação de Manuel Almeida e Sousa”, como refere o programa do espetáculo.
 
Que tem como intérpretes os atores / performers Íris Santos e Bruno Vilão que, ao longo de quase uma hora de viagem pela poética experimental, dão vida aos diversos textos verbo-experimentais mas também visuais.
 
Os poetas representados são: Emerenciano, Ana Hatherly, Mário Cesariny de Vasconcelos, Liberto Cruz, Jaime Salazar Sampaio, Alberto Pimenta, E. M. de Melo e Castro, António Aragão, Abílio-José Santos, Salette Tavares, José Oliveira, Alexandre O’Neil, Fernando Aguiar, César Figueiredo, Manuel Almeida e Sousa, António Dantas, Armando Macatrão, José- Alberto Marques e Silvestre Pestana.
 
“PELA LEONOR VERDURA”, vai continuar ser apresentado na Sociedade Guilherme Cossoul, na Avenida D. Carlos I, Nº 61, em Lisboa, nos dias 7 e 8 de Dezembro, 31 de Janeiro, 1 e 2 de Fevereiro, pelas 21.30 h, após o que seguirá a para outras cidades.