segunda-feira, 29 de agosto de 2011


ANTHOLOGIE 2011
VOIX DE LA MÉDITERRANÉE
Ainda a propósito do Festival de Lodève - Voix de la Méditerranée, que teve em Julho a sua 14ª Edição, foi publicada uma antologia na qual estão representados todos os poetas participantes, a quase totalidade com poemas verbais e as respectivas traduções para o francês, mas também poemas visuais, a visualidade dos poemas escritos em árabe e apresentados na língua original, e algumas fotografias da edição anterior da autoria de Paula Rocha, a fotógrafa do Festival.

Os nomes são os já referidos nas informações anteriores sobre esta edição de Voix de la Méditerranée, mas incluo mais alguns: Olimbi Velaj, Ivan Hristov, Ghada Khalifeh, Catherine James, Ismail Fakih, Shirine K., Yvan Étienne, Jacques Demarcq…

Os prefácios são de Marc Delouze e de Julien Blaine, conselheiros literários do Festival, e os primeiros poemas são de Adonis, um poeta sírio e do espanhol Fernando Arrabal, os convidados de honra deste ano. Em baixo a versão francesa do meu poema “Pensamento”, incluído na antologia.


PENSÉE

                                                                                                                                                
« La pensée vient de l’extérieur
et elle pense qu’elle vient de l’intérieur »
Arnaldo Antunes


                                                                           
 pensée ou je pense-mens,
je pense au rien que je ressens.
 je pense tant, je pense peu
 je pense jusqu’à m’enrouer.
 je pense beaucoup, je pense à peine
 je pense à des colères sereines.
 je pense que oui, et après je pense que non,
 je pressens ce que pense le coeur.
 je songe maintenant, ensuite je pense
 Je vois l’amour et nous sommes deux.
alors je pense, je pense c’est ça
 et je soutiens que c’est comme ça;
 je pense que je reste, je pense que je pars
et je fuis cloîtré dans la chambre.
je pense que je prends, je pense que je laisse
 je repense à tout ce que je gâche.
je repars aussitôt, je me reprends
si je pense que je n’y arrive plus;
je regarde par en dessous, je pense par dessus   
 et je résous la raison d’une rime.
je pense comme ci, je pense comme ça
 une pensée qui vient de biais.
 je pense de loin, je me pose juste à côté
et je réfrène une pensée incertaine.
 je pense que je fais, je pense que j’ai fait
 pensée qui se contredit.
 je pense que j’ai été, aussitôt la nuit tombe
 pensée qui se mérite.
je pense l’envers, me voilà désert;
 et je me trompe à penser toujours juste.
je pense à froid, je pense à chaud
 je ne pense pas très rarement...
 je pense, bon sang! Je pense que je ris,
je me repose dans le son du vide.
je pense que je tombe, quelle poisse;
 et je pense que penser ne suffit pas.
 je pense que dans ce cas, je pense que j’essaie
une pensée à cent pour cent.  
 je pense, las, je pense que finalement ;
 je repense à ce qui pense en moi.

terça-feira, 23 de agosto de 2011


SOBREVIVER

Faz também agora 25 anos que foi publicado o Nº 2 da II série da “SOBREVIVER – revista mensal do livro e da cultura”, dirigida por José Antunes Ribeiro, numa edição da Ulmeiro.

Nesse número, cuja capa trazia uma fotografia de E. M. de Melo e Castro e de Alberto Pimenta durante o lançamento da antologia “POEMOGRAFIAS – Perspectivas da Poesia Visual Portuguesa”, na Sociedade Nacional de Belas-Artes e já aqui referida, dedicou precisamente 3 páginas a esse lançamento e à exposição e ele associada.

Havia igualmente uma página sobre a participação dos poetas visuais portugueses, ( incluindo os poetas representados em “POEMOGRAFIAS”), que inauguraram a I Bienal Internacional de Poesia Visual y Experimental en México. O terramoto que assolou a Cidade do México em Outubro de 1985, impediu a realização da Bienal nesse ano, mas inaugurou simbolicamente, no final de 85, com a representação portuguesa, que tive o prazer de organizar.

Mais tarde organizaria a representação portuguesa na III Edição da Bienal, em 1990, na qual eu e o António Aragão estivemos presentes, e onde apresentámos palestras e eu realizei três performances poéticas.

Voltando à “SOBREVIVER” e ao texto que escrevi para esse número, a certa altura refiro que “… o desenvolvimento tecnológico e científico levou alguns poetas a um trabalho de pesquisa e de investigação poética, trabalho esse que se tem multiplicado por diferentes vias, explorando outras formas do “dizer” através de novos suportes como a fotografia, a fotocopiadora, o gravador, o vídeo, o computador e o próprio corpo do operador poético.” 

…“Isto dá uma ideia das possibilidades que neste momento estão a ser exploradas e, simultaneamente, realça o facto de que a poesia para se manter actual e com capacidade de intervenção precisa de se ir renovando a par do avanço técnico e tecnológico, assim como necessita de se libertar da rigidez dos vocábulos, das estreitezas ortográficas e dos condicionalismos gramaticais, sempre limitativos.”


Fernando Aguiar, "Ser o no Ser", Universidad Nacional Autonoma de Mexico, 1990

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

OUSTE Nº 19
CRÉATION ET EXAGÉRATION


Enquanto estava em Lodève a participar no Voix de la Méditerranée foi apresentado, durante o Le Marché de la Poésie o número mais recente da revista OUSTE – Création et Exagération, dirigida pelo poeta  Hervé Brunaux, e editada em Périgueux pelas associações Féroce Marquise e Dernier Télégramme.

Com poemas, fotografias, contos, desenhos e poemas visuais, este número 19 tem 116 páginas, num formato um pouco mais pequeno que o A-5, e conta com cinco dezenas de colaboradores, entre os quais Clemente Padin, Démosthène Agrafiotis, Julien Blaine, Arnaud Labelle-Rojoux, Lucien Suel, Fernando Aguiar, Édith Azam, Didier Bourda, Nicolas Richard, Liliane Boudin, Nadine Agostini, Luc Fierens e Serge Luigetti.

De minha autoria, o Hervé Brunaux incluiu este fotopoema criado em Diamantina, no Brasil, durante o Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais, e que foi incluído no livro “CALLIGRAPHIES”, numa edição da Redfoxpress, em County Mayo, na Irlanda.



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

VOIX DE LA MÉDITERRANÉE
(III)

Para terminar este relato alargado sobre o Fetival de Poesia Voix de la Méditerranée, é preciso referir algumas das suas particularidades, como o facto de juntar poetas europeus e árabes da bacia do Mediterrâneo, de muitas das leituras serem com poetas de ambas as áreas geográficas, dos poetas lerem nas suas línguas originais, havendo depois actores que lêem as traduções dos respectivos poemas em francês, e de todas as leituras se realizarem ao ar livre, algumas dentro do próprio ribeiro que banha Lodève.

Das sessões temáticas destaco as realizadas no Claustro da Catedral, as do “O Marches du Palais”, seguidas de degustação de vinhos, as de poesia sonora e visual no Halle Dardé, as “Voix d’eau” onde muitas pessoas assistiam às leituras sentadas em cadeiras dentro de água, a “Poésie Multimédia”, “Tapas y poesia” e a das sestas poéticas e musicais a seguir ao almoço (das minhas preferidas), onde se podia ouvir poesia acompanhada por instrumentistas, deitado numa cama de rede sob a sombra das árvores…

O Festival foi acompanhado por uma Feira do Livro de pequenas editoras, de editoras especializadas em poesia e outras que se dedicam a produzir livros de artista em pequenas edições numeradas e assinadas, algumas verdadeiras obras de arte, como uma colecção de poesia cujas capas são em cerâmica, todas diferentes umas das outras.

Resta referir que para além do que já foi dito havia animações permanentes nas ruas por músicos, uma escola de circo local e leituras espontâneas, apresentadas por pessoas que não participando no Festival, aproveitavam os espaços entre as assinaturas de livros para subir a um pequeno palco e ler os seus poemas.

 "Marché de la Poèsie"

 "Voix d'eau"

 "Sieste Poètique et Musicale"

"À Claires Voix"

Os jantares, também à beira do riacho


O jantar antes do concerto de encerramento

sexta-feira, 5 de agosto de 2011


VOIX DE LA MÉDITERRANÉE
(II)

Dos vários participantes no Voix de la Méditerranée – Festival de Poésie, saliento Bartolomé Ferrando, Josep Sou, Ângela Garcia, Lúcia Peiró Lloret, Julien Blaine e Gökçenur Çelebioglu, dos quais já foram colocadas fotografias das respectivas intervenções na postagem anterior, e ainda Alain Arias-Misson, Charles Dreyfus-Pechkoff, Catherine James, Ghada Khalifeh, Charles Pennequin, Cécile Richard, Yànnis Stíggas, Antonio Bertoli, Lello Voce e Ismail Fakih.

Aproveito para referir o trabalho dos poetas-moderadores que apresentaram as minhas leituras, Jean Yves Bériou, Linda Maria Baros, Teo Libardo e o actor Jean-Marc Bourg que fez uma excelente interpretação dos meus poemas em francês, para além do espectáculo que apresentou numa das soirées.

E já que estamos na relação de nomes, menciono também alguns dos 15 membros do Comité Internacional do Festival, como Henri Deluy e Bernard Noël (França), Demosthène Agrafiotis (Grécia), Nanni Balestrini e Giovanni Fontana (Itália), Maria Petreu (Roménia), Enis Batur (Turquia), assim como Bartolomé Ferrando (Espanha) e Fernando Aguiar (Portugal), que estiveram presentes na edição deste ano, tendo a última intervenção poética do Festival sido realizada por mim e pelo poeta turco Gökçenur Çelebioglu.

Ao longo das 14 edições do Voix de la Méditerranée têm participado vários poetas portugueses como Egito Gonçalves, Rosa Alice Branco, Jaime Rocha, Casimiro de Brito ou Américo Rodrigues.



Alain Arias-Misson

 Cécile Richard

 Charles Dreyfus-Pechkoff

 Fernando Aguiar

 Charles Pennequin