segunda-feira, 31 de outubro de 2011



10x10+1.ACCIÓN
 
Saiu recentemente a 2ª edição do livro “10x10+1.ACCIÓN – Performance en la Península Ibérica”, organizado por Javier Seco Goñi e por Yolanda Pérez Herreras. A edição é do colectivo L.U.P.I. (La Única Porta a la Izquierda), liderado por J. Jesús Sanz, coordenador da Bienal “Ex!Poesia” que, no ano passado, realizou a terceira edição.

Na altura da sua publicação, no final do ano passado, escrevi o seguinte: “Como o subtítulo indica, o livro pretende dar uma visão da performance em Portugal e em Espanha, com um destaque substancial para a intervenção castelhana, não apenas porque a performance está muito mais difundida, com Festivais e espaços dedicados à performance em diversas cidades espanholas, como porque sou o único participante português no livro e com um texto onde me refiro apenas à performance poética.”

“Com um texto de apresentação de Bartolomé Ferrando, 10x10+1.ACCIÓN está dividido em três partes. A primeira contém textos de Isidoro Valcárel Medina, José Luis Campal, Fernando Aguiar, Javier Seco Goñi e de Yolanda Pérez Herreras. A segunda parte é constituída por entrevistas a Belén Cueto, Esther Ferrer, Hilario Álvarez, Isabel León, Joan Casellas, Nelo Vilar, Nieves Correa, Pepe Murciego, Colectivo MAE e Los Torreznos.”

“O que considero como uma terceira parte, é o DVD inserido no livro com performances de cerca de 40 autores, a maior parte dos já referidos e ainda Analia Beltrán, Antonio Gómez, Ad Hoc, M.A.E., Gustavo Vega, Manuel Almeida e Sousa, Nel Amaro, Paco Nogales, Beatriz Albuquerque e Sergi Quiñonero.”

Parabéns, pois, ao J. Jesus Sanz e aos organizadores, porque não é comum um livro dedicado à performance ter o privilégio de uma segunda edição.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011




DELTA Nº 24
 
Chegou-me agora às mãos mais um número da revista DELTA - Revue Internationale pour la Poésie Expérimentale, desta vez o Nº 30, editado em Chiba, no Japão, pelo poeta Shin Tanabe e com a qualidade técnica a que nos tem acostumado desde há vários anos.

A revista de formato A-5, invariavelmente com 48 páginas, a maior parte das quais dedicada à poesia japonesa, tem também, como vem sendo hábito, uma secção central dedicada à poesia visual internacional.

Por não conseguir decifrar o nome dos poetas japoneses, refiro os que estão representados nas páginas de poesia visual: Richard Kostelanetz, Guy R. Beining, Ryosuke Cohen, Fernando Aguiar, Hans Brög, Demosthenes Agrafiotis, Shin Tanabe, Julien Blaine e Misako Yarita.


 Fernando Aguiar, "Ensaio a Duas Mãos" (Para o Alberto Pimenta), 1997

sábado, 15 de outubro de 2011

O PSIU POÉTICO
N’O NORTE DE MINAS


Terminou há dois dias a 25ª edição do Salão Nacional de Poesia PSIU POÉTICO na cidade mineira de Montes Claros, organizado desde sempre pelo poeta e ativista cultural Aroldo Pereira, Salão no qual já participei presencialmente em duas edições, e em muitas outras na exposição de poesia que lhe está associada.

Acerca desta edição comemorativa de um quarto de século dedicada à poesia nas suas vertentes mais diversas, o poeta e professor da Universidade de Montes Claros, Anelito de Oliveira, num artigo publicado no passado dia 10 no diário  “O Norte de Minas”, refere o seguinte: “Na sua longa e admirável trajetória - a maioria dos projetos culturais morre nas primeiras edições -, o Psiu Poético recebeu e continua recebendo nomes proeminentes da cultura literária e musical brasileiras: Waly Salomão, Arnaldo Antunes, Jorge Mautner, Thiago de Mello, Adélia Prado, Alice Ruiz, entre outros. A participação, ultimamente, do inquieto poeta e performer Fernando Aguiar, que mantém o fervor da invenção em Portugal, acena para uma relevância que o evento tem ganhado para além do país. A tendência é, sem dúvida, essa relevância crescer como exemplo de resistência a um mundo cada vez mais contrário à poesia, mais fútil.”

“Todavia, o que distingue decisivamente o Psiu é o arrastão que consegue promover a cada ano de tantos poetas e curtidores de poesia, gente que emerge das margens de Montes Claros, cujo centro é historicamente sem graça, áspero demais. Gente que se encontra com outras gentes, que se deslocam de vários lugares igualmente marginais do país, e aí se configura o grande MSP - Movimento dos Sem Poesia - nos dias de Psiu, suplicando atenção - psiu! - para sua existência no campo social. Isso é massa, como dizíamos no momento em que o evento surgiu, naqueles ternos anos finais da década de 80.”

E termina, afirmando: “Depois de tantos anos, não há como não reconhecer uma comunidade Psiu, que tem como referência de sociabilidade a poesia. Não se trata de uma Geração Psiu, de um grupo organizado apenas em torno de valores estéticos - e isso é positivo. Psiu é mais um caso de sociedade do que de literatura, ou mesmo de poesia enquanto fazer, enquanto atividade de artífices.“

Parabéns pois, a Aroldo Pereira, pelo seu admirável esforço em manter ininterruptamente um Festival pelo qual já passaram centenas de poetas de diferentes expressões literárias, e que conseguiu instituir o tradicional dia de inauguração do Psiu Poético – 4 de Outubro – como o Dia Municipal da Poesia.





Fernando Aguiar (com Guilherme Rodrigues)
no Psiu Poético de 2007, Montes Claros, Brasil

quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Z A ZERO

Z a Zero é a mais recente edição do poeta brasileiro Wilmar Silva, autor de uma trintena de livros de poesia, e com um incrível ritmo de publicações, se considerarmos que nestes últimos 4 anos o Wilmar deu à estampa 12 livros, entre originais e reedições, no Brasil, República Dominicana, Bolívia, Argentina e em Portugal. E nessas edições o tipo de letra, o design e o próprio papel onde são impressos são alvo de uma cuidada atenção.

Tive a oportunidade de assistir ao nascimento deste livro e do respectivo título e, desde logo, fiquei fascinado pela inventividade deste criador que, nos últimos anos, tem descoberto a experimentalidade poética e a sonoridade da poesia em palco.

Os dois posfácios do livro foram escritos por Mário Alex Rosa e por mim, e vou citar excertos desses textos, que dizem o essencial acerca do livro, polémico pela sua forma e conteúdo, já que se pode considerar um livro de sonetos. E inteiramente impresso a vermelho.

Mário Alex Rosa refere o seguinte: “Quando se lê seus poemas – muitos são um jorro, como se nos solicitasse uma leitura num fôlego só -, a sensação que se tem é que foram escritos intuitivamente, por outro lado, nota-se um rigor na composição dos versos, na construção equilibrada, como se fosse um poeta de linhagem mais construtivista. Como se vê, são duas vertentes bem distintas, mas que parecem amalgamar-se em Wilmar Silva de forma natural…”

Quanto a Fernando Aguiar, “moi-même”, escreveu que “Com uma temática conceptual que não retira nada à sua essência, estes poemas são trabalhados de uma forma rigorosa nos conceitos que referi: têm uma estrutura poderosíssima, um som muito próprio, no aspeto técnico são poemas concebidos pela repetição de cada letra por cada uma das vinte e seis que constituem o alfabeto,…”

“Z a Zero” é igualmente uma obra inventiva no seu minimalismo estético, conseguindo criar uma sequência de poemas com um conjunto reduzido de elementos gráficos. Porque, curiosamente, “Z a Zero” é um livro constituído por vinte e seis poemas que não contêm uma única palavra que possa ser encontrada no dicionário. E no entanto diz tudo.”

Para além de poeta, Wilmar Silva tem tido uma atividade imparável como editor (Anome Edições), com duas dúzias de edições anuais, coordena as “Terças Poéticas”, um evento semanal de poesia apresentado no Palácio da Artes, o mais importante espaço cultural de Belo Horizonte, por onde têm passado significativos poetas brasileiros e alguns estrangeiros, e é o coordenador de “Portuguesia – Festa da Poesia Lusófona”, realizado em Portugal e no Brasil, nos quais reuniu dezenas de poetas de língua portuguesa ao longo das suas 5 edições. Em Portugal “Portuguesia” têm sido apresentada na Casa Camilo Castelo Branco em S. Miguel de Seide, em co-coordenação com o poeta Luís Serguilha.