sábado, 28 de março de 2009

POESIA EXPERIMENTAL PORTUGUESA

NA COLECÇÃO DA FUNDAÇÃO DE SERRALVES
Nos Paços da Cultura de S. João da Madeira inaugurou no dia 22 a exposição POESIA EXPERIMENTAL PORTUGUESA - COLECÇÃO DA FUNDAÇÃO DE SERRALVES, que vai estar nesta cidade até ao dia 10 de Maio.
São apresentadas obras dos anos 60 até 1984 de Ana Hatherly, António Aragão, António Barros, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Salette Tavares e Silvestre Pestana.
João Fernandes, o comissário da exposição, diz na folha de sala: “Referenciada como concreta, visual e espacial noutros lugares, esta poesia vai em Portugal autonomear-se como experimental, manifestando assim uma relação com a análise científica do texto e da linguagem, assim como a manifestação do desejo de uma liberdade de experimentação que em Portugal se encontrava condicionada pelas regras da censura e da repressão política. Nos seus eventos, exposições, objectos e edições, os poetas experimentais surgem em Portugal como precursores das linguagens conceptuais e da arte processual, usando materiais pobres redefinindo o objecto de arte e insistindo na revelação do próprio fazer inerente à criação artística.
Vanguardistas em relação ao contexto literário e artístico português, sofrerão por outro lado uma marginalização consequente da radicalidade de muitas rupturas em relação a estes dois campos. Nos dias de hoje a Poesia Experimental Portuguesa é uma desconhecida de grande parte dos públicos literários e artísticos portugueses, apesar de representar um daqueles raros momentos em que no século XX, um conjunto de criadores foi em Portugal completamente contemporâneo do seu tempo, participando assiduamente em todas as exposições e publicações internacionais das mais significativas neste contexto.”
Mais informações podem ser disponibilizadas em http://www.pacosdacultura.blogspot.com/
Ana Hathertly e Salette Tavares
E. M. de Melo e Castro e Silvestre Pestana
António Aragão
Fernando Aguiar e António Barros
E. M. de Melo e Castro
A.Barros, S. Tavares, F. Aguiar e E. M. de Melo e Castro

terça-feira, 24 de março de 2009

PEQUENAS NAVEGAÇÕES
Cartas de Amor
Quem ler o subtítulo deste livro pensará inevitavelmente que vai ler a correspondência íntima entre dois (ou mais) apaixonados, mas está bem enganado.
As (pequenas) cartas escritas por Alckmar Santos, Frank Baez e por Paola Rettore, a autora do livro, revelam muita ironia, muita agressividade e algum ódio. Que contrastam com as colagens e as micropaisagens da autora e do Marcelo Kraiser.
Graficamente, PEQUENAS NAVEGAÇÕES é uma preciosidade, com um belíssimo design e uma muito boa impressão, a fazer sobressair um delicioso conteúdo.
A edição é da própria Paola Rettore, a directora e argumentista do livro, que conta com uma longa lista de colaboradores sobretudo na realização de “Graphonoptik”, o DVD que acompanha o PEQUENAS NAVEGAÇÕES, com uma dezena e meia de vídeos que podemos considerar igualmente como videocartas (ou videocartas de amor) de Marcelo Kraiser, com a participação de dançarinas, músicos, poetas e declamadores, entre os quais Alckmar Santos, Fernando Aguiar, Josie Cáceres, Marcelo Kraiser, e Vera Casa Nova.
Os dois vídeos nos quais participo com poemas e leitura dos mesmos, foram gravados em Diamantina, em 2006, durante o Festival de Inverno da U.F.M.G., onde nos intervalos dos cursos que fomos ministrar, aproveitámos para dar largas à imaginação e criar diversas obras em video, dança, instalação e fotografia.
Aliás, foi desse ambiente de criatividade colectiva que saíram os fotopoemas que constituem o meu livro CALLIGRAPHIES, publicado em 2007 pela Redfox Press, na Irlanda. Na altura comentei com o Marcelo que tínhamos criado obras para os próximos anos, e parece que não me enganei. Inesquecíveis, esses dias em Diamantina!
P. Rettore, M. Kraiser, F. Aguiar, "Outro Ensaio", 2006

quinta-feira, 19 de março de 2009

LATITUDES

Cahiers Lusophones
A revista LATITUDES, editada em Paris e dedicada à cultura de expressão portuguesa, dedica este Nº 34 à sexualidade (Sexualité: littérature et societé).
Ao longo das suas 120 páginas, apresenta textos críticos, entrevistas, poemas, artes plásticas, fotografia, e reportagens sobre exposições, música, teatro e críticas de livros, apresentando na capa uma ilustração de Vasco.
Entre os participantes neste número encontram-se Hélder Costa, Aníbal Frias, Filomena Embaló, Nuno Júdice, Júlio Conrado, António Garcia e Liberto Cruz, entre muitos outros.
Do comité de redacção fazem parte personalidades como Egídio Álvaro, Maria Graciete Besse, Alfredo Margarido ou Dominique Stoenesco, liderados por Daniel Lacerda.
De acordo com a temática abordada, Dominique Stoenesco seleccionou o meu visual “Soneto Acerca do Erotismo”, que vai aqui reproduzido.

Fernando Aguiar, "Soneto Acerca do Erotismo", 1997

domingo, 15 de março de 2009

19ª BIENAL DE ZAMORA

Ciudad Arte Pensamiento

A primeira parte desta 19ª Edição da Bienal de Zamora decorreu de 12 de Dezembro a 31 de Janeiro em vários locais da cidade, e terá continuidade durante o verão, com mais exposições e apresentação de obras em espaços públicos.
As que se realizaram até ao final de Janeiro foram “Tirando do Hilo”, uma retrospectiva com as obras premiadas nas anteriores edições da Bienal, “Pianofortíssimo”, uma excelente mostra de pianos intervencionados por 16 artistas Fluxus, entre os quais John Cage, Juan Hidalgo, La Monte Young, George Maciunas, Bem Vautier, Bem Patterson e Wolf Vostell, “Momento Arte y Revolución Fluxus”, apresentada no Centro Cultural “La Alhóndiga”, constituída por uma selecção da colecção Fluxus do Museo Vostell Malpartida, e pela exposição “Registos Conceptuales - Outra Mirada al Mundo del Arte”, que teve lugar na Sala de Exposiciones de Caja Duero, que reuniu algumas dezenas de obras de Arte Conceptual espanhola, mas cujos organizadores decidiram incluir uma pintura minha que foi adquirida em 1996 pelo Museo Vostell Malpartida.
O cartaz da Bienal foi realizado precisamente com a imagem dessa pintura, juntamente com uma obra de Rafael Canogar e um trabalho de Esther Ferrer, mais ao fundo.
Durante o período das exposições foram ainda realizadas actividades paralelas como concertos de música concreta, conferências (por José António Agúndez, António Bentivengna e José Alberto Conderana) e a apresentação de performances, aspecto que será tratado posteriormente, quando me forem enviadas as fotografias das intervenções.
Ao lado da pintura está uma obra colectiva criada nos anos 70 por 18 artistas, como Albert Ràfols-Casamada, Joan Rabascall, Pere Noguera, Wolf Vostell, Muntadas ou Equipo Crónica.

terça-feira, 10 de março de 2009

FESTA

(DIA DA COISA)
João Garcia Miguel estreou-se como director artístico do Teatro-Cine de Torres Vedras com esta Festa (Dia da Coisa) realizada no dia 7, e que foi realmente uma festa, com múltiplas actividades apresentadas em vários espaços do Teatro-Cine, no espaço “Transforma” e na Cooperativa de Comunicação e Cultura, com quem juntamente com o Manoel Barbosa, organizei PERFORM’ARTE – I Encontro Nacional de Performance, em 1985.
Curiosamente, ainda hoje muita gente em Torres Vedras se lembra desse Encontro que, na altura, foi bastante polémico, com os mais jovens a favor, mas também muita gente contra. Interessante foi verificar que estudantes do ciclo e do secundário da altura, hoje adultos, referem-se ao encontro de Performance como algo que os marcou pela positiva e que recordam com satisfação.
“Transforma” tem sido um dos espaços culturais que em Torres Vedras tem apresentado performances com uma certa regularidade, e esse espírito mais vanguardista renasceu agora nesta Festa “da Coisa”. E que continuará, com certeza.
Com espaços dedicados ao video e três palcos em permanente actividade e muita animação, foram apresentadas leituras de poesia, música, dança, e teatro por vários autores, entre os quais Diogo Dória e Regina Gaspar, Sara Ribeiro e Isa Araújo, Telma Santos, João Pedro Santos, Fernando Aguiar, Ana Rosa e Daniel Coimbra e Bárbara Fonseca.
Parabéns ao João Garcia Miguel pelas novas funções, e também à sua equipa pelo profissionalismo demonstrado.

sexta-feira, 6 de março de 2009

LETRA, SÍMBOLO CÚMPLICE
Este é o título da primeira exposição em Portugal do artista cubano Artemio Iglesias, inaugurada ontem na Biblioteca Municipal D. Dinis, em Odivelas, e que vai estar patente ao público até ao dia 28 de Março.
Conheci o Artemio em 2003 no Brasil, quando fiz parte do júri de premiação do Congresso Internacional de Artes Plásticas, em Bento Gonçalves, e depois voltei a encontrá-lo nesse mesmo ano em Cuba, durante a minha participação na 8ª Bienal de Havana, e mais tarde, em 2006, quando participei no XI Festival Internacional de Poesia de La Habana.
No pequeno texto incluído no desdobrável da exposição, escrevi o seguinte: “ARTEMIO IGLESIAS, designer e gravador nascido em Havana, para além de exímio desenhador, é autor de uma personalizada obra poético-visual onde associa as letras e as palavras às técnicas próprias da pintura e à correspondente expressividade cromática, criando obras de uma grande densidade visual.
À força da cor, Artemio adiciona, por vezes, os relevos próprios da gravura, utilizando objectos comuns como chaves, clips, botões, compassos, agulhas, escantilhões, etc., e outros nem tanto como, por exemplo, uma espinha de peixe, o que dá uma especial energia às suas obras, com um cunho vincadamente pessoal.
Praticamente desconhecido em Cuba como poeta visual, Artemio Iglesias tem visto os seus trabalhos divulgados no exterior, nomeadamente em revistas internacionais como “Rampike” e “Steak Haché” (Canadá), “EL Tejedor de Palabras” e “Veneno”(Espanha), “Palavra em Mutação”, “Bíblia”, “Big Ode” e “Bicicleta” (Portugal), “Blackbird” e “Indefinite Space” (Estados Unidos da América), “La Hoja M” (Argentina), “Anartiste” (França), “Delta” (Japão), e na antologia espanhola “Gramma Visual”, assim como em exposições internacionais, principalmente no Brasil.
O seu trabalho é reconhecido sobretudo como gravador e designer, sendo autor do livro “Algunas Experiencias Sobre DISEÑO GRÁFICO”, publicado pela Universidad Autónoma de Guerrero, no México, em 2004. Em 2005 recebeu o Prémio Nacional de Artes Gráficas de Cuba”.
A exposição está aberta de 3ª a Sábado, das 10.30 até às 18.30 horas, na Rua Guilherme Gomes Fernandes em Odivelas. Para mais informações, consultar o site http://www.cm-odivelas.pt/