quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

POEMAS + OU - HISTÓ(É)RICOS
Já que estamos em maré de efemérides, aproveito para terminar o ano com mais uma: em 2009 fez 35 anos que publiquei o (meu primeiro) livro, “POEMAS + OU – HISTÓ(É)RICOS”, uma edição de autor feita aos 18 anos e paga com os meus primeiros ordenados. Na altura trabalhava numa agência de publicidade e, meses depois, comecei a dar aulas numa escola em Lisboa. Nesse tempo o dinheiro chegava para tudo…
São poemas de adolescência, pré-experimentalistas, bastante influenciados pelo surrealismo que estava a estudar nas Belas-Artes e do qual gostava bastante, a par das primeiras experiências de poesia visual.
Desse livro não há muito a dizer: tem 26 poemas, 64 páginas, a capa é desenhada por mim e, apesar de tudo, há um dos poemas que ainda digo com alguma frequência nas minhas performances mais “poéticas”: “O Tal Dedo”. Que vai reproduzido em baixo, junto a outros dois, para dar um cheirinho daquilo que são os “POEMAS + OU - HISTÓ(É)RICOS”…
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“O TAL DEDO”
o acto de metermos o dedo no nariz
pode ser simultâneo e coincidente
como aconteceu agora ao suicidarmos
os dois o tal dedo.
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“UM PÊLO NA GARGANTA”
ela
mostrou-me
um
pêlo
que
lhe
tinha
crescido
dentro
da
garganta
e
eu
sofregamente
mordi-o
e
cortei-o
com
os
dentes.
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“O CICLO DA PEDRA”
uma pedra rola deitada
numa cama.
em seguida rola por baixo dela
e novamente
torna a rolar-lhe
por cima.
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quer acreditem ou não
é isto o ciclo da pedra.

domingo, 27 de dezembro de 2009

POESI AV ISUAL
Depois da exposição em Madrid, do livro publicado em S. Paulo e de outro livro editado também em Madrid, dá para terminar o ano com uma efeméride: Faz 30 anos que realizei a minha primeira exposição individual.
Foi na galeria da Escola Superior de Belas-Artes, de 7 (estava quase a fazer 23 anos) a 21 de Maio de 1979, e apresentei 47 poemas visuais criados entre 1972 e 1978, conforme a lista que está em baixo.
Muitos poemas, sobretudo os primeiros, foram bastante influenciados pela obra do António Aragão, o primeiro poeta experimental que descobri e cujo trabalho me fascinou ao ponto de aos 16 anos começar a criar também poemas “visuais”. Porque na realidade comecei logo a utilizar imagens nos meus poemas, coisa que ainda não era habitual entre os poetas experimentais em meados dos anos 70.
Expor 47 trabalhos nessa altura foi uma verdadeira aventura, e apresentei a minha primeira (pequena) instalação intitulada “Socorro”, que pertence agora ao Museu de Serralves, e que era parte de um projecto mais ambicioso que nunca chegou a ser realizado. (A maqueta desse projecto pertence também ao Museu).
Fez parte da exposição aquele que é o meu trabalho mais divulgado: “Dois Dedos de Conversa”. Para além do livro “O DEDO”, já foi publicado mais de 40 vezes em revistas, catálogos e em antologias de 16 países, e foi capa das revistas “Poetry Halifax Dartmouth” (Canadá), “Axle” (Austrália) e do jornal cultural “Garatuja” (Brasil).
Em 1999 incluí a maior parte destes poemas no livro “OS OLHOS QUE O NOSSO OLHAR NÃO VÊ”, depois de serem apresentados na exposição “PO.EX: O EXPERIMENTALISMO ENTRE 1964 E 1984”, em Novembro desse ano, no Museu de Serralves.
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"A Espoleta do Último Nada", 1972
"A Cor da Cortiça", 1977
"Ensaio para uma Nova Expressão da Escrita", 1978
"Paz na Terra", 1978
"Dois dedos de Conversa", 1978

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

TUDO POR TUDO
Posso dizer que este ano termina em beleza do ponto de vista artístico: nesta última semana foi publicado o livro “TUDO POR TUDO” no Brasil, inaugurou a exposição “EN LOS OJOS DE LA POÉTICA”, em Madrid, no mesmo dia em que foi lançado o livro “IMAGINANDO LA POÉTICA”, com alguns dos trabalhos expostos e outros inéditos.
Mais tarde falarei da exposição e do livro de Madrid (e também da leitura durante a inauguração), mas por enquanto fiquemos no “TUDO POR TUDO”.
O convite partiu do poeta e agitador cultural Floriano Martins que dirige a colecção “Ponte Velha” da editora Escrituras de S. Paulo, colecção fundada por António Osório e por Carlos Nejar, um simpatiquíssimo poeta que conheci em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, em 1996. A colecção tem por objectivo divulgar escritores portugueses no Brasil, conta com o apoio da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, e já publicou obras de Ana Hatherly, Nicolau Saião, Maria Estela Guedes, Pedro Tamen, Casimiro de Brito, João Barrento, Luís Carlos Patraquim, Luiz Pacheco, Nuno Júdice, Dalila Teles Veras, Rosa Alice Branco, António Teixeira e Castro, António Ramos Rosa e Luiza Neto Jorge, entre outros.
A sugestão do Floriano é que o livro incluísse poesia verbo-experimental, poesia visual, uma entrevista e pequenos textos de outros autores sobre o meu trabalho, ao que eu acrescentei fotografias de instalações, livro-objecto, performance, escultura e fotopoesia, o que permite uma visão mais alargada daquilo que tenho feito.
A entrevista foi realizada pelo Wilmar Silva e a “fortuna crítica” é de autoria de Luís Fagundes Duarte, Paulo Cheida Sans, Natacha Narciso, J. Seafree, Alberto Pimenta, J. Medeiros, Augusto Corvacho, Carlos Mendes de Sousa e Eunice Ribeiro.
O livro tem 176 páginas, a quase totalidade dos poemas verbo-experimentais são inéditos, enquanto que muitos dos visuais já foram publicados em catálogos e em revistas. Curiosamente, e isto porque foram organizados em alturas diferentes, os poemas visuais deste livro, da exposição em Madrid e do livro com os trabalhos da exposição, pertencem à mesma série, embora nos três casos existam obras diferentes e inéditas.
Para contactos: escrituras@escrituras.com.br
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CONTRADICÇÕES
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se retraço / se refaço / se prossigo e mais não digo /
se repasso e não trespasso / se redigo e não consigo /
se me engraço e no compasso / ameaço e lá religo /
porque o faço ?/ porque traço?/
porque maço ?/ porque sigo ?
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se espero e desespero / se não quero e me redimo /
se não esmero / pois não quero / se fero, firo e afirmo /
se refiro e não confiro / largo, tiro e animo /
porque opero ?/ que tolero ?/
porque gero ?/ o que estimo ?
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se ocupo e não me culpo / se desculpo e não consinto /
se exulto e em vão oculto / se permuto e não me minto /
se não esqueço e enlouqueço / se mereço o labirinto /
porque expresso ?/ porque acesso?/
se regresso e lá repinto ?
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se envolvo e não resolvo / se promovo e mal não passo /
se osculo e sim discorro / se ocorre e não me escasso /
se parece e transparece / se na prece não me enlaço /
quem esquece ?/ que acontece ?/
porque aquece ?/ que desfaço ?
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se acorro e lá percorro / se do pranto faço encanto/
se aprovo e não recorro / e o recanto é sacrossanto /
se escorro e subo o morro / adianto e entretanto /
porque incorro ?/ porque morro ?/
se socorro e faço tanto ?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

TRIPLO V
Não tenho o hábito de falar aqui de outros sites ou blogs, mesmo quando incluem colaboração ou trabalhos meus, que é afinal o objectivo de O CONTRÁRIO DO TEMPO: ser uma espécie de “semanário” daquilo que vou fazendo por aqui e ali.
No entanto a Maria Estela Guedes (agora com a inestimável colaboração do Floriano Martins nesta nova série da Revista TIPLO V) tem feito uma louvável divulgação de inúmeros escritores, pintores e não só, com colaborações que primam pela qualidade.
Sempre admirei a persistência e o empenhamento da Estela com o desgastante esforço que é manter uma revista digital como o TRIPLO V, com interessantíssimas matérias que vão desde as artes às religiões, passando pelas ciências.
Neste terceiro número da nova série colaboro com alguns visuais aos quais a Maria Estela Guedes chamou de “Diamantes”. Título adequado, até porque esses poemas foram realizados em Diamantina, uma cidade no interior de Minas Gerais, durante o Festival de Inverno da U.F.M.G., em 2006.
Como esses visuais são pouco conhecidos, deixo o endereço que leva directamente à “minha página”. Depois, a partir dela, podem descobrir todo o restante TRIPLO V: http://revista.triplov.com/numero_03/Fernando_Aguiar/index.html
Fernando Aguiar, "Calligraphy", 2006

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

SONORITÉS
O Festival “SONORITÉS #5 – DU TEXTE AU SON”, realizou-se em Montpellier entre os dias 6 e 9 de Outubro em vários espaços desta tranquila e bonita cidade do sul de França: Centre Chorégraphique National, École Supérieure des Beaux Arts, Théâtre Universitaire Paul Valéry, Catedral Carré Sainte Anne e na galeria Kawenga - Territoires Numériques, onde participei num debate sobre “La Fragilisation dês lieux expérimentaux”, com poetas e músicos de diversos países e coordenadores de espaços culturais franceses.
Conforme o título do Festival indica, todas as intervenções estiveram relacionadas com os diferentes tipos de sonoridades, interpretadas por músicos e por poetas que actuaram nos espaços acima referidos, consoante o tipo de trabalho apresentado.
Assim, tivemos Steve Reich, Bernard Heidsieck, o grupo Les Impromptus, Fernando Aguiar, Bérangère Maximin, Gwenaëlle Stubbe, o trio Kernel, Rhodi Davies, Cyrille Martinez, Isabelle Duthoit, Jean-Pierre Verheggen, Jaap Blonk e a japonesa Tenko, entre outros.
SONORITÉS é um Festival anual realizado por uma pequena mas eficiente equipa de músicos, poetas e pintores, liderada por Anne-James Chaton.
Jaap Blonk
Tenko
Isabelle Duthoit
Fernando Aguiar

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

POESIA ELETRÔNICA

Jorge Luiz António escreveu aquele que será durante muito tempo a obra de referência da poesia digital – “POESIA ELETRÔNICA – negociações com os processos digitais”.
É a pesquisa mais exaustiva e completa que conheço, escrita em língua portuguesa, referente à poética realizada por meios tecnológicos desde as primeiras experiências de poesia informática do alemão Theo Lutz em 1959 até aos hipertextos mais recentes, passando por toda uma série de experiências, directa ou indirectamente realizadas e produzidas através de meios digitais. Este livro é O livro !
A obra impressa aborda questões como Poesia e Tecnologia, Poesia, Arte e Ciência, Poesia e Computadores e elabora uma tipologia dos diversos géneros poéticos abrangidos por esta temática.
A complementar as 200 páginas do livro está um CD-Rom que contém cerca de 500 páginas que desenvolvem dois dos capítulos do livro, denominações da poesia eletrônica, antologia de textos teóricos, uma antologia de poemas verbais, visuais e digitais, uma completíssima cronologia da poesia eletrônica com a reprodução de vários documentos que se referem ou contêm poesia digital, um glossário e 111 páginas de referências bibliográficas que representam, no conjunto (livro + CD-Rom) um completíssimo trabalho de investigação.
Ao longo de toda a obra o nome de E. M. de Melo e Castro é uma referência constante (é dele, aliás, o texto de introdução e o poema da contracapa do livro), sendo quase todos os poetas experimentais portugueses referidos com alguma frequência. A antologia “Poemografias – Perspectivas da poesia Visual Portuguesa” é referida algumas vezes e têm poemas no CD-Rom Fernando Aguiar, António Aragão, José de Assunção, Pedro Barbosa, E. M. de Melo e Castro, António Gedeão, Eurico Gonçalves, Ana Hatherly, Constança Lucas, Ângela Marques, Fernando Pessoa, Silvestre Pestana, Manuel Portela, Jorge M. Martins Rosa, Mário de Sá-Carneiro, André Sier, Francisco Soares e Rui Torres.
Quem quiser notícias mais actualizadas pode aceder a http://jlantonio.blog.uol.com.br/

terça-feira, 24 de novembro de 2009

BRAIN CELL Nº 751
BRAIN CELL é uma publicação atípica, mais ou menos semanal, constituída por material recuperado dos envelopes, postais, folhetos, carimbos, moradas, pequenos desenhos, pinturas, frases, fotografias, recortes, etc. que são regularmente enviados ao artista japonês Ryosuke Choen e com os quais ele compõe uma amálgama de informação visual, que é depois tratada cromaticamente por um processo electrográfico, resultando em obras com uma beleza muito própria.
Depois faz uma tiragem de 130 a 150 exemplares destas folhas com um formato A-3, numera-as, assina-as e envia as obras, acompanhadas por uma listagem com os autores dos elementos utilizados a todos os “participantes” (cerca de 50 de uma vintena de países por cada edição), exposições, revistas e a outras pessoas.
Por vezes cola vários números de BRAIN CELL de modo a obter uma superfície de maiores dimensões e sobre esse conjunto de folhas desenha e pinta com tinta da china o seu próprio perfil ou o perfil de outros artistas que ele vai visitando nas inúmeras viagens que faz por todo o mundo.
Há alguns anos esteve em Portugal, mas nessa altura também eu estava fora do país e não tive oportunidade de o conhecer pessoalmente, considerando que já nos correspondemos desde, pelo menos, 1986. Em 1987 apresentei cerca de duas dezenas destas obras no 1º Festival Internacional de Poesia Viva, que teve lugar no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, na Figueira da Foz.
Já participei em 21 números desta peculiar publicação, sendo este Nº 751 a minha “colaboração” mais recente…

terça-feira, 17 de novembro de 2009

EM TRÂNSITO
A Fundação Portuguesa das Comunicações apresenta no Museu dos CTT a exposição EM TRÂNSITO – Arte Postal / Mail Art, comissariada por Carlos Barroco. O local da exposição não podia ter maior significado, considerando que a arte postal utiliza precisamente o correio como “média” para a concretização do acto artístico, porque sem ser mediada por este serviço, a “mail art” deixava muito simplesmente de o ser. Ou pelo menos de o ser à escala internacional, que é, aliás, outra característica da arte postal.
Segundo a história, terá sido Ray Johnson (que tem neste momento uma exposição dedicada ao seu trabalho como mailartista no MACBA de Barcelona em simultâneo com a exposição dedicada a Jonh Cage) e alguns membros do grupo FLUXUS que em 1962 terão “formalizado” este tipo de arte muito pouco formal, aliás, já que muito antes dessa data os futuristas, dadaístas e surrealistas utilizaram esta via para trocar objectos artísticos. Inclusivamente por cá aconteceu o mesmo, e a exposição mostra, por exemplo, obras de Cruzeiro Seixas anteriores a essa data.
Apesar de ainda hoje ter inúmeros adeptos e de se realizaram bastantes exposições em todo o mundo, principalmente na América latina, a “mail art” teve o seu apogeu nos anos 70 e 80, quando se multiplicaram por todo o mundo centenas de exposições organizadas quase sempre pelos próprios artistas que, nas suas cidades, apresentavam os trabalhos de artistas de outros países.
Pessoalmente acho que esse factor foi relevante para o banalizar deste tipo de arte que, por “demasiado” democrático fez com que toda a gente participasse (era aliás uma das premissas), incluindo muita gente que nunca teve ligação à arte mas que pontualmente participava numa ou outra exposição, o que acabou por nivelar por baixo muitas dessas mostras e, aos poucos, muitos pintores, performers, escultores, escritores, fotógrafos, etc. deixaram de participar, pelo menos de forma assídua, nas mesmas.
Outro factor que levou vários poetas visuais a deixarem de colaborar nas mostras de mail arte foi porque a dada altura muita gente julgava que poesia visual e arte postal eram a mesma coisa o que, obviamente, nunca foi. Mas a confusão generalizou-se, e isso também fez com que muitos poetas visuais se afastassem da “mail art”.
Voltando ao EM TRÂNSITO, a exposição está bem montada, o que permite uma leitura agradável, o catálogo excelente, e o único senão é o limitado espaço da(s) sala(s), considerando que a exposição se poderia facilmente multiplicar por 5 ou 6 vezes. Até porque muitos dos “mail-artistas” que participam na exposição têm também os seus próprios arquivos o que potenciaria uma exposição desta natureza.
Ainda assim a mostra é significativa pela variedade de nomes e pela qualidade dos objectos expostos. De entre os portugueses estão António Areal, Carlos Calvet, Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Albuquerque Mendes, Ana Hatherly, António Aragão, António Olaio, António Viana, Armando Azevedo, Carlos Barroco, Carlos Ferreiro, Carlos Gordillo, Costa Pinheiro, Da Rocha, Emerenciano, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Francisco Relógio, Gerardo Burmester, Irene Buarque, Irene Ribeiro, João Dixo, João Prates, Joaquim Lourenço, José de Guimarães, José Mourão, Manoel Barbosa, Manuel Casimiro, Maria Soares, Rogério Silva, Romualdo, Vítor Belém, Vítor Pi e Vítor Silva Tavares.
Do estrangeiro são também bastantes os participantes, desde o incontornável Guglielmo Achille Cavellini passando por Ângela & Henning Mittendorf, Edgardo-Antonio Vigo, Serge Luigetti & Michael Groschopp, Paulo Bruscky, Monty Cantsin, até outro incontornável, o japonês Ryosuke Cohen.

Fernando Aguiar, "Arte Postal", 2005

terça-feira, 10 de novembro de 2009

BOEK861
A publicação electrónica “Boek861” dirigida por César Reglero é já uma referência para quem gosta de arte postal mas, sobretudo, de poesia visual.
Ao longo dos últimos anos tem divulgado todos os assuntos relacionados com poesia visual (exposições, edição de livros, revistas, artigos, etc.) e, mais recentemente, está a editar uma antologia electrónica coordenada por Edu Barbero, que apresenta regularmente a obra de um poeta em forma de livro electrónico e também um slideshow com poemas “publicados” no livro, e outros do mesmo autor.
São já várias dezenas os poetas que têm as suas obras editadas pela “Boek861”, sempre com uma apurada preocupação estética e um design “editorial” de grande qualidade.
Esta semana publicaram os meus trabalhos, e o resultado é o que se pode ver em baixo. Para mais informações, ir a www.boek861.com.
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terça-feira, 3 de novembro de 2009

INTER
A revista INTER – Art Actuel tem como tema do número 102 “Résistance et Intégration à l’ère de la Globalisation”.
São 140 páginas dedicadas à arte contemporânea com artigos que abordam os diversos aspectos da globalização na arte. Este número é bilingue (francês e espanhol) considerando que dedica um extenso dossier à arte de artistas do Québec em Havana, com textos também de alguns autores cubanos. Inclui ainda um artigo sobre as organizações e os movimentos artísticos latinos no Canadá.
Colaboram neste número Serge Pey, Richard Martel (o director da revista e do colectivo Le Lieu), Fernando Aguiar, Marc Mercier, Guy Sioui Durand, Sílvio de Gracia, Nelo Vilar, Joel Hubaut, Bryan Connoly, Domingos Cisnéros, e Stuart Briesley, entre muitos outros.
De salientar a excelente capa e o design interior da revista, que são já marcas de qualidade desta revista publicada há vários anos no Québec e que é desde há muito uma referência na arte contemporânea nas áreas dedicada à instalação, fotografia, vídeo e à performance, de que o presente número é um bom exemplo. E bastante ilustrativo, até pela quantidade de imagens que acompanham os textos…
Tem um comité de redacção internacional, do qual também faço parte, que integra nomes como Elisabeth Jappe, Bruce Barber, Bartolomé Ferrando, Julien Blaine, Jacques Donguy, Balint Szombathy, Giovanni Fontana, Artur Tajber e Clemente Padin.
Fernando Aguiar, instalação, ITCA - International Triennale of Contemporary Art, Praga, 2008

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

LA VOCE DELLA POESIA
Enzo Minarelli, um dos mais reconhecidos poetas sonoros internacionais, teórico e autor do Manifesto sobre a Polipoesia, publicou mais um livro - “LA VOCE DELLA POESIA” - onde aborda a relação da linguagem com outros meios expressivos como a música, a imagem ou o corpo.
Estuda também os aspectos que transformam o poeta em performer, relacionando a sua atitude em cena e a maneira como potencia a voz desenvolvendo a experimentação linguística, tanto a oral como a vocal, de modo a tornar a leitura num acto performativo.
O livro parte de um estudo sobre as vanguardas históricas como o Futurismo, o Dadaismo e o Surrealismo, passando pelo Letrismo e o nascimento da Poesia Sonora até à actualidade.
Numa das vezes que se refere ao meu trabalho, Enzo escreve o seguinte: “Abbiamo evocato la pagina scitta, perché látto físico dello scrivere à stato più volte portato sulla scena. Spesso abbiamo visto scrivere in performance, scrivere su fogli appesi al muro, sul corpo, alle pareti, su lavagne o a terra, anche scritture col corpo stesso, o vere costruzioni di poemi visuali, come succede com il portoghese Fernando Aguiar. La scrittura, intesa come azione física, è stata sviluppata in chiave spettacolare, anche se rapportata alla você che restava sempre l’indiscussa protagonista. L’atto dello scrivere tuttavia richiama uno stato d’isolamento, di privacy, da parte di chi lo compie in simbiótica quiete. Farlo in pubblico è pertanto un gesto coraggioso, straniarlo in un ambientazione non consona, un modo per ridargli valore.”
De entre as quase três centenas de autores internacionais o único português referido no livro, para além de mim, é o E. M. de Melo e Castro.
Enzo Minarelli é igualmente poeta verbal, videoartista, editor da colecção 3Vitre através da qual publicou diversos discos em vinil, e fundador do Arquivo homónimo, tem tido o seu trabalho estudado por autores como Renato Barilli, Henri Chopin, Dick Higgins, Filiberto Menna e Paul Zumthor, entre muitos outros.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

ANTOLOGIA MENINOS ME
Já aqui tinha falado do lançamento desta antologia, no dia 28 de Agosto, em Belo Horizonte, e eis que me chega às mãos alguns exemplares trazidos pela fotógrafa Eliane Velozo.
O que de imediato salta à vista é a colorida e bonita capa do livro feita com base numa pintura de Guido Boletti. As edições da directora da revista de poesia em forma de cartaz “Mulheres Emergentes” caracterizam-se pelo cuidado que coloca nas mesmas, e a presente antologia é um bom exemplo.
O texto que o Affonso Romano de Sant’anna escreveu para a contracapa, atesta as qualidades da Tânia, a sua capacidade de trabalho e de perseverança: “Essa Tânia Diniz é uma lição de sobrevivência da Poesia.
Não tem jeito, ela faz emergir a poesia a tempo e fora de tempo, faça chuva ou faça sol. E agora, ela emerge entre os homens, os “homens emergentes”! Sim, Tânia resolveu dar uma colher de chá a essa espécie des/avergonhada (lembrando Adélia que disse que as mulheres eram ainda uma espécie envergonhada).
Eu perguntei a ela: de onde e como é que desencravou tantos poetas interessantes?
- Na praia, diz ela.
- Na praia de Mar de Espanha, me indago?
Sim, no mar imponderável de Minas e de outras praias onde a poesia ondeia como e quando pode.
É isso. Há um mistério reconfortante nos paradoxos da cultura atual. Tanto mais a sociedade tecnológica avança, mais surgem poetas. É como se, o que há de mais primitivo e o que há de mais atual, se dessem a mão.
Pois, que assim seja. Dá-lhe poesia.”
Para além dos referidos anteriormente (António Dayrell, Fernando Aguiar, Kiko Ferreira, Luiz Zanotti, Ronaldo Wernek, Ronaldo Zenha, Sandro Starling, Simão Pessoa, Wilmar Silva e Zemaria Pinto), participam também na “Antologia Meninos ME” Cláudio Márcio Barbosa, Diovvani Mendonça, Di Moreira, Flávio César de Freitas, Gabriel Bicalho, J. B. Donadon-Leal, J. S. Ferreira, João Paulo Gonçalves da Costa, Lucas Guimaraens, Lucas Viriato, Oleg+ario Alfredo da Silva, Osvaldo André de Mello, Paulinho Andrade, Sérgio Bernardo e Severino Iabá.

sábado, 17 de outubro de 2009

INTERNATIONAL PERFORMANCE ART SHOW
Entretanto recebi o catálogo do INTERNATIONAL PERFORMANCE ART SHOW, realizado em Icheon, na Coreia do Sul, integrado no World Ceramic Biennale Korea 2009, que veio confirmar a excelência da organização deste(s) evento(s).
Em pouco mais de um mês e meio após o Festival, chega-me às mãos um completo catálogo de 196 páginas com reproduções a cores de todas as performances realizadas (6 páginas de fotografias por performer mais 2 para curriculum), textos dos organizadores e um DVD com todas as performances apresentadas.
Icheon, palco deste INTERNATIONAL PERFORMANCE ART SHOW é uma cidade a cerca de 100 km a sul de Seul, onde decorreu a World Ceramic Biennale Korea 2009 num enorme e bonito Parque totalmente dedicado à cerâmica nas suas mais diversas formas de expressão.
Hong, O-Bong, Jin Sup Yoon e Jisun Kim, estão de parabéns pelo profissional trabalho de concepção, produção e de organização de um Festival que apresentou em diversos espaços do Parque, quase uma centena de performances perante um público sempre numeroso e interessado.
Relembro alguns dos participantes: André Stitt, Irma Optimist, Richard Martel, Fernando Aguiar, Huang Rui, Wen Lee, Chupon Apisuk, Roy Maayan & Anat Katz entre os estrangeiros, e Hong, O-Bong, Jin Sup Yoon, Yeo-Hyun Kwon, Neung-Kyung Seong, Yong-Gu Shin, Young-Chul Shim e Kun-Young Lee, entre outros artistas coreanos.

Yong-Gu Shin
Kun-Yong Lee
Fernando Aguiar
Yeo-Hyun Kwon
Kopas

domingo, 11 de outubro de 2009

OUSTE
O número 17 da revista francesa OUSTE – Création et Exagération, dedicado ao poeta e pintor tunisino Abderrazak Sahli, falecido no final de Fevereiro, aos 68 anos, e que tive o prazer de conhecer na segunda vez que participei no Festival Voix de la Méditerranée, em Lodéve (2007), tem como temática “Conspiration”.
Publicada em Périguex por Hervé Brunaux (que dirige igualmente o Festival EXPOÉSIE, este ano na 8ª edição), e por Fabrice Caravaca, esta revista de 100 páginas tem cerca de meia centena de colaboradores internacionais, que apresentam poemas, desenhos, fotografias, poemas visuais e pequenos contos.
De entre os participantes destaco os nomes de Luc Fierens, Pete Spence, Michel Giroud, Artemio Iglesias, Jean-Luc Parant, Thierry Tillier, Gwenaëlle Stubbe, Julien Blaine, Démosthène Agrafiotis, Fernando Aguiar, Clemente Padin, Hervé Brunaux, Pierre Garnier, Édith Azam e o homenageado desta edição.
Abderrazak Sahli, Lodéve, 2007

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PEREGRINO
A poeta romena Elena Liliana Popescu publicou em Fortaleza, no Brasil, o livro PEREGRINO que é o seu primeiro livro editado em língua portuguesa.
PELERIN é o título na versão original, editado na Roménia em 2003, agora numa tradução do professor e poeta Luciano Maia, também Cônsul Honorário da Roménia em Fortaleza.
Como já referi num texto anterior, conheci a Elena Liliana no Festival de Poesia de Havana, e desde essa data temos trocado correspondência e traduzido alguns poemas um do outro a partir das versões em castelhano.
Desta vez escrevi o prefácio para o PEREGRINO e, no resumo desse prefácio publicado na contracapa do livro, refiro o seguinte: “A poesia de Elena Liliana Popescu é uma poesia reflexiva e o discurso poético processa-se com o próprio “Pensamento”, como se este fosse o Outro e contivesse, em si, todas as respostas. Mas este Pensamento é apenas o lado meditativo da autora que vai dando, deste modo, a resposta às questões que ela mesmo coloca. É uma poesia rigorosa, sem artifícios, numa permanente descoberta de si própria, como se reconhecendo-se melhor se conhecesse”.
A Liliana teve a amabilidade de incluir no livro um poema que me é dedicado:
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UM PENSAMENTO
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A Fernando Aguiar
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Um pensamento peregrino
apenas retornado
do território encantado
das formas-pensamento
correndo
(terá se perdido ?)
se aproxima
atraído pela tua mente
que o “esperava”.
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Acaso poderia eu
pensar em ti
- lhe perguntaste –
sem te encarcerar
em meu mundo ?

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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

POÉTICAS EXPERIMENTAIS
Faz este mês 26 anos que conheci os poetas históricos do movimento da poesia experimental.
Em 1983 o António Barros, o Silvestre Pestana e eu, apresentámos intervenções poéticas na Alternativa 3 – III Festival Internacional de Arte Viva, organizado pelo Egídio Álvaro, o que na altura resultava em algo de novo do ponto de vista poético: intervenções realizadas por poetas que não eram declamações nem leituras, mas a apropriação da linguagem da performance para apresentar uma poética onde o corpo também tinha algo a “dizer”.
Desse encontro, e depois de uma conversa sobre o que (não) estava a acontecer com a poesia experimental, eu e o Silvestre Pestana achámos que se devia fazer o ponto da situação editando um caderno onde cada poeta experimental apresentasse os pressupostos teóricos daquilo que andava a fazer e, ao mesmo tempo, que perspectivasse o que iria fazer no futuro, ou que caminhos é que achava que iria tomar a poética de cariz mais experimentalista, considerando que pensávamos serem urgentes soluções mais criativas e a utilização de outros suportes para que a poesia pudesse evoluir e expressar-se através de linguagens mais contemporâneas.
Por uma questão prática (O Silvestre vivia no Porto, enquanto eu e a maior parte dos poetas morávamos em Lisboa), fiquei encarregue de contactar e de apresentar pessoalmente a cada poeta esse nosso projecto. O que para mim foi uma tarefa que me encheu – posso dizê-lo sem preconceitos – de uma alegria enorme. Conhecer finalmente os poetas que eu mais lia, que tinha pesquisado enquanto estudante de Belas-Artes, e que eram dos escritores que mais admirava!
Devo acrescentar que naquela data já tinha feito 3 exposições individuais de poesia visual (desde a minha primeira exposição, em 1979 sempre utilizei este termo, enquanto praticamente todos os outros poetas se auto-denominavam poetas experimentais), mas nunca tínhamos cruzado caminhos. Recordo perfeitamente que na mesma altura em que esses poetas participavam na importantíssima PO.EX, na Galeria Nacional de Arte Moderna de Lisboa, em Belém (1980), eu tinha a minha segunda exposição no Teatro Aberto, também em Lisboa.
E durante o mês de Setembro de 1983 cumpri a “espinhosa” missão de apresentar o projecto que mais tarde viria a resultar num livro. Em minha casa ou em casa dos próprios, fui conhecendo sucessivamente E. M. de Melo e Castro, Ana Hatherly, Salette Tavares, Alberto Pimenta, José-Alberto Marques e o António Aragão, que talvez tivesse conhecido mais tarde, considerando que vivia na Madeira, e já não me recordo se esteve em Lisboa nessa altura.
Graças ao entusiasmo com que todos reagiram à proposta e à dinâmica que então se criou, o pequeno caderno que tínhamos previsto organizar, rapidamente se transformou em algo mais volumoso, com 270 páginas, que depois de algumas peripécias acabou por se intitular “POEMOGRAFIAS – Perspectivas de Poesia Visual Portuguesa”, editado pela Ulmeiro, depois de um intenso trabalho de paginação. (a partir da edição desse livro, em Janeiro de 1985, generalizou-se a designação “poesia visual”, que passou a ser posteriormente utilizada por todos os poetas experimentais e não só).
Desenhei a capa do livro com base num poema de computador do Silvestre Pestana (que tinha criado os primeiros computer-poems em 1981/83 num “Spectrum”). E se agora parece uma coisa quase banal, em 1985 foi realmente “diferente” apresentar uma antologia de poesia e de teoria poética com uma obra “gerada” por computador na capa. (Como não tínhamos acesso a impressora – nem sei se havia naquela altura alguma associada ao Spectrum – fomos a uma loja de electrodomésticos e pedimos para ligar o “computador” a uma televisão, e ali mesmo fiz várias fotografias de um dos poemas, das quais resultou a capa de “POEMOGRAFIAS”.
O livro, que para além dos textos teóricos e das biografias dos autores incluiu inúmeros poemas visuais e fotografias de instalações poéticas, performances, videopoemas, fotopoesia, electrografias, poemas experimentais e projectos de poemas a concretizar no futuro (o meu poema “Imponder(h)abilidade – Projecto para simulador de anti-gravidade ou performance a realizar na lua”, de 1983 ainda não se realizou…), teve a colaboração de Abílio-José Santos, Alberto Pimenta, Ana Hatherly, Antero de Alda, António Aragão, António Barros, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, José-Alberto Marques, Salette Tavares, Silvestre Pestana, e ainda a participação do crítico Egídio Álvaro e do músico Jorge Lima Barreto, porque já nessa altura considerávamos que as artes não deviam ser estanques e que a poesia podia ser potencializada através da interacção com outras artes…
Fernando Aguiar, "Imponder(h)abilidade", 1983

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

VIDEOS DE ARTESERIES
O Ciclo de Performances em Faro intitulado ARTESERIES, organizado pela Associação D’Artistas Plásticos do Algarve, no qual participámos (Bruno Vilão, Gonçalo Mattos, o grupo Mandrágora e eu), teve lugar no dia 9 de Maio.
Na altura não foi possível incluir aqui a gravação da minha intervenção, mas agora, com mais calma, seleccionei 2 dos 6 videos produzidos pelo Bruno Vilão com base nessa intervenção perfopoética, e aqui vão eles.
Achei que poderia ser interessante apresentá-los aqui porque nestes 2 anos de “O Contrário do Tempo” tenho apresentado dezenas de fotos das minhas leituras, mas tirando as pessoas que assistiram às mesmas, as restantes não fazem ideia de como é que isto “funciona ao vivo”.
Espero que não se decepcionem…
Video 1
Video 2

sábado, 19 de setembro de 2009

EL ARTE DE LA PERFORMANCE
EL ARTE DE LA PERFORMANCE – Elementos de Creación é o título do livro que Bartolomé Ferrando publicou recentemente, pelas Ediciones Mahali, de Valencia.
Bartolomé Ferrando é professor titular de performance e arte intermédia na Faculdade de Bellas Artes de Valencia, e um dos mais destacados poetas visuais e performers contemporâneos, tendo participado em inúmeros Festivais de Poesia e de Performance em variadíssimos países.
O livro reúne 10 textos sobre os diversos aspectos relacionados com a arte da performance, sobre o espaço, o tempo, o corpo, a reapresentação, a ideia, a componente sonora, o contexto, etc., numa linguagem directa e concisa, não perdendo a perspectiva histórica e contextualizando este tipo de arte com os movimentos que a precederam como o futurismo, o dadaísmo, a body-art, happening, Gutai, Zaj e o movimento Fluxus.
Este importante livro para quem se interessa pela temática, termina com uma pequena antologia de fotografia de várias performances de Joel Hübaut, Lee Wen, Artur Tajber, Elvira Santamaria, Esther Ferrer, Julien Blaine, Seiji Shimoda, Richard Martel, Giovanni Fontana, Boris Nieslony (foto da capa), Alastair MacLennan, Roi Vaara, ou Monika Günther & Ruedi Schill, incluindo uma fotografia da performance que realizei em Tokyo, durante o NIPAF’97 – The 4th Nippon International Performance Art Festival.
Fernando Aguiar, "Vocal & Visual Sonnets", Metropolitan Art Space, Tokyo, 1997

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

CONFRARIA
A revista CONFRARIA, editado pelo colectivo Confraria do Vento que durante cinco anos foi apenas editada digitalmente, vai ter a sua primeira edição em papel, e o lançamento da mesma é realizado hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.
Com redacção no Brasil, mas com um painel de editores luso-brasileiros (Márcio-André, Victor Paes, Ronaldo Ferrito, João Miguel Henriques, Anderson Fonseca e Marcos Pache), esta edição tem vários colaboradores internacionais, mas privilegiando igualmente os autores brasileiros e portugueses.
Como ainda não tenho um exemplar da revista, não conheço o seu conteúdo. No entanto, os nomes avançados prometem fazer desta revista um objecto de leitura criativa e de grande qualidade: Gonçalo M. Tavares, valter hugo mãe, Arnaldo Antunes, Fernando Aguiar, Maria do Rosário Pedreira, E. M. de Melo e Castro, Octavio Paz, Ortega y Grasset…

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MONTES CLAROS (S)EM PALAVRAS
No dia 5 de Setembro inaugurou no Centro Cultural Malaposta a minha exposição “MONTES CLAROS (S)EM PALAVRAS”, que ficará patente ao público até 27 de Setembro.
No pequeno texto do catálogo escrevi o seguinte: “A exposição é constituída por um conjunto de fotografias que são uma selecção dos cerca de 120 estabelecimentos comerciais fotografados no centro de Montes Claros, no Brasil, durante a minha participação no XIX Salão Nacional de Poesia - Psiu Poético, que se realizou em 2005 nesta cidade do interior mineiro.
O intenso movimento do dia-a-dia não permitia perceber o “design” exterior das lojas, sobretudo porque de portas abertas e com os produtos a acumularem-se muitas vezes junto às paredes, tornava-se imperceptível a saturação de palavras e de frases curtas, como a designação das lojas, marcas comerciais, serviços prestados, etc., com uma estética tão característica que só mais tarde, num domingo e no feriado que se lhe seguiu, consegui descobrir.
Nesses dois dias, com o comércio encerrado e as ruas desertas, pude então constatar e registar fotograficamente a profusão desta “escrita” e de uma certa desordem (ou de uma ordem de certo modo desordenada) na organização do “lettering” que se acumulava nas paredes, nas portas, nos portões de metal e no espaço envolvente, repletos de palavras, de onde emergia uma curiosa visualidade poética que afinal estava de acordo com aqueles dias inteiramente dedicados à poesia, e que a cidade já se habituara a viver…”
O Centro Cultural Malaposta fica na Rua de Angola em Olival Basto, e a exposição está patente ao público de segunda a sábado das 11.00 às 23.00 horas, e aos domingos das 14.00 às 19.00 horas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

DOC(K)S
O número de 2009 da revista DOC(K)S é dedicado à Ásia. Fundada por Julien Blaine, que em 1981/82 dedicou um número desta publicação aos poetas e artistas plásticos chineses “Non-Officiels”, numa altura em que estes eram absolutamente marginalizados e até perseguidos pelas autoridades chinesas, eis que os actuais directores da revista, Philippe Castellin e Jean Torregrosa, consagraram o presente volume de 432 páginas à Ásia, abrangendo assim outros países orientais, aproveitando a abertura que as artes asiáticas estão a ter nos respectivos países, bem como a divulgação e a aceitação que a arte chinesa está a ter no ocidente na última meia dúzia de anos.
Apesar da maior parte dos colaboradores ser de origem oriental (Japão, Coreia, China, Taiwan, Tailândia, Singapura, Filipinas, Macau e Hong-Kong), participam igualmente artistas europeus, australianos, americanos e canadianos, que realizaram obras na Ásia ou que têm alguma relação com a arte que se pratica nestes países.
É o caso de Demosthénes Agrafiotis, Fernando Aguiar (participei em Festivais na China, Hong-Kong, Coreia e em Macau), Julien Blaine, Anne-James Chaton, Bartolomé Ferrando, Jozsef R. Juhasz, Michele Metail, Edith Azam, Esther Ferrer, Giovanni Fontana, Jean Claude Ganon, Lorenzo Menoud, Pierre André Arcand, Richard Martel ou Serge Pey.
Dos participantes asiáticos, podem-se destacar Apisuk Chupon, Iwan Wijono, Ma Desheng, Mideo M. Cruz, Keichi Nakamura, Riosuke Cohen, Shigeru Matsui, Tanabe Shin, Shoashiro Takahashi, Ko Siu Lan e Ji Yu. Com duas importantes ausências, conforme já salientou Julien Blaine: o japonês Seiji Shimoda (curiosamente, fazendo parte do comité de redacção internacional da DOC(K)S), e o coreano Hong O-Bong, dois amigos de longa data.
A revista é acompanhada por um DVD que regista 28 performances de alguns dos participantes já referidos e ainda de Lee Wen, Lu Lynn, Morgan O’Hara, Francis O’Shaugnessy e Wen Peng.
Deste número, o mínimo que se pode dizer, é que é mais um excelente trabalho (mais voltado para a performance), na linha dos números anteriores (que privilegiam, de uma maneira geral, a poesia visual) do grupo Akenaton (Castellin e Torregrosa).
Com o preço de capa a 50 €, a DOC(K)S pode ser solicitada através do seguinte e-mail: akenaton_docks@sitec.fr
Fernando Aguiar, "Two Performance Sonnets", Beijing Tokyo Art Projects, Pequim, 2005

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ART ACTION
A Villa Reale di Monza é um bonito e imponente Palácio inserido num enorme parque cheio de árvores centenárias. Na frente do Palácio dois jardins bem tratados, um deles repleto de rosas de todas as cores. Foi no “Teatrino” do Palácio que decorreu nos dias 28, 29 e 30 de Maio o 7º International Performance Art Festival – ART ACTION, um Festival de performance-arte e de poética interdisciplinar que se realiza anualmente nesta cidade do norte de Itália.
Monza é uma pequena cidade perto de Milão, célebre pelo seu circuito de fórmula 1. O centro é muito bonito, com pequenas ruas, igrejas e toda aquela envolvência das pequenas cidades italianas com os centros históricos bem preservados. Em determinados momentos lembra Bolonha, Modena, Parma, Spoleto, Verona ou mesmo Florença, mas sem o fluxo turístico que normalmente invade estas cidades.
Mas chega de Monza e falemos de ART ACTION, organizado pelo performer e poeta visual Nicola Frangione que conheci em 1990 em Ponte Nossa, uma pequena vila perto de Bergamo, durante o Festival “Perfomedia”, organizado por Emilio Morandi, e onde comi a melhor pizza “4 Formaggio” da minha vida.
Em Monza também se comeu (e bebeu) muitíssimo bem, no restaurante/bar Loft American, que todos os dias abria à hora do almoço exclusivamente para os participantes do Festival, e que à noite nos reservava uma extensa mesa, no meio de uma sala apinhada de jovens que petiscavam, bebiam, dançavam e ouviam uma música bem batida (vê-se mesmo que estamos em férias, com esta descrição tão gastronómica e turística…).
Desta vez é que é mesmo ART ACTION! 3 noites, 18 acções, muita performance, quase todas relacionadas com a palavra e a poética, realizadas por artistas de 6 países. Alguns nomes pela ordem do programa: Fernando Aguiar, John Giorno, Nicola Frangione, Bartolomé Ferrando, Giovanni Fontana, Anne-James Chaton, Gian Paolo Roffi, Jazz Poetry Quartet, Tomaso Kemeny, Paolo Albani e Endre Szkárosi…mas passemos às fotos!
Anne-James Chaton
Endre Szkárosi
John Giorno
Giovanni Fontana
Nicola Frangione
Fernando Aguiar
Bartolomé Ferrando