terça-feira, 26 de agosto de 2008

ANTÓNIO ARAGÃO
Falecido no dia 11 de Agosto no Funchal, António Aragão foi um dos precursores da Poesia Experimental em Portugal no início dos anos 60, e da electrografia durante os anos 80, seguido por um grupo de artistas como António Nelos, António Dantas e César Figueiredo, entre outros, que realizaram um importante trabalho nessa área, tendo sido o seu principal teorizador.
Como poeta experimental António Aragão teve uma importância fundamental na criação deste movimento, juntamente com Ana Hatherly, E.M. de Melo e Castro, Salette Tavares, e José-Alberto Marques, estando na origem das revistas “Poesia Experimental 1 e 2” (1964 e 1966), “Operação” (1967), Suplemento do “Jornal do Fundão” (1965) e da “Hidra 2” (1969).
Foi igualmente um dos autores do primeiro happening realizado em Portugal, “Concerto e Audição Pictórica”, juntamente com E. M. de Melo e Castro, Jorge Peixinho, Salette Tavares, Manuel Baptista, Clotilde Rosa e Mário Falcão, em 1965.
Como escritor, António Aragão publicou “Um Buraco na Boca” (1971), o primeiro romance experimental editado em Portugal, e alguns livros de poesia como “Folhema 1” e “Folhema 2”, ambos de 1966, “Os Bancos” (1975) e “Metanemas” (1981).
Em 1968 publicou “mais exacta mente p(r)o(bl)emas”, que foi o livro que fez despertar o interesse pela poesia experimental, e é um dos livros fundamentais na minha formação como poeta visual conforme referi várias vezes, incluindo num Congresso na Cidade do México em que ambos participámos. Transcrevo o final do prefácio do meu livro “Os olhos que o nosso olhar não vê” : “Para o António Aragão uma saudação muito especial porque, com o livro “MAIS EXACTA MENTE P(R)O(BL)EMAS”, comprado num alfarrabista aos 16 anos (juntamente com “POEMAS POSSÍVEIS” de um poeta então desconhecido e hoje Nobel da literatura) me levou irremediavelmente para esta forma de expressão poética.”
A obra do António Aragão ainda não foi estudada convenientemente para que lhe seja dado o destaque que merece na poesia contemporânea em Portugal.
Sempre tive uma enorme admiração e amizade pelo Aragão que participou em mais de três dezenas de actividades organizadas por mim entre Exposições, Festivais, Antologias poéticas e colectâneas de poesia experimental portuguesa publicadas em várias revistas internacionais, e prefiro deixar aqui algumas imagens inéditas deste importante criador e amigo.
Fernando Aguiar, António Aragão e Alberto Pimenta antes (ou depois) da realização de um poema visual conjunto, que esteve exposto na Galeria Diferença, 1985
António Aragão, Março de 1992
António Aragão, Março de 1992
César Espinosa, Fernando Aguiar e António Aragão, Cidade do México, 1990
Poema Visual de António Aragão, sem data
Capa do catálogo-antologia "Concreta. Experimental. Visual" (1989), com um poema visual de António Aragão de 1963

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

BIG ODE #5
POESIA & IMAGEM
“Pesadelo” é o tema do #5 da quadrimestral BIG ODE, com design e edição do Rodrigo Miragaia e coordenação da Maria João Lopes Fernandes.
Desta vez o formato é original: 5 folhas dobradas em 9 partes, resultando em 45 “páginas” num formato próximo do A-5. O design é muito bom (o índice originalíssimo), e a impressão de grande qualidade.
O conteúdo da revista mantém-se fiel ao publicado em números anteriores, o que quer dizer: textos, poesia verbal, poesia visual, bd e fotografia.
De Ângelo Mazzuchelli, António Orihuela, Constança Lucas, Fernando Aguiar, Fernando Esteves Pinto, Hilda Paz, João Samões, Miguel Jimenez, Serge Luigetti, Rute Mota, Francisco Carrola, João Concha, Rui Costa, Maria Calado Pedro, Margem d’Arte e Helen White, para além dos editores e outros autores.
A BIG ODE #5 contou com o apoio da Direcção-Geral das Artes, pode ser consultada no http://www.big-ode.blogspot.com/, e pedida através de bigodemagazine@gmail.com .

Fernando Aguiar, "Naufrágio", 1997

sábado, 9 de agosto de 2008

TERÇAS POÉTICAS
AO INTERIOR DE MINAS GERAIS
A segunda edição das “Terças Poéticas” fora de Belo Horizonte aconteceu no dia 18 de Julho em Cataguases, uma tranquila e bonita cidade no sul de Minas Gerais.
Cataguases aposta forte na cultura. Para além de ser a terra de grandes escritores como Ronaldo Werneck, Joaquim Branco ou P. J. Ribeiro e da lendária revista “Verde”, tem dois bonitos Centros Culturais e um Museu onde decorriam exposições temporárias, fora outros equipamentos similares que não tive oportunidade de conhecer nos dois (meios) dias que lá passei.
Ouvi falar de Cataguases pela primeira vez em 1996, quando a revista “Pensaminto” dirigida pela poetisa Idalina de Carvalho dedicou uma página aos meus poemas visuais, e depois, em 2002, quando colaborei no “Suplemento de Cataguases” pela mão (penso) do Joaquim Branco.
Por dificuldades financeiras, a “Pensaminto” terminou (assim como dezenas de publicações alternativas no Brasil) mas Idalina de Carvalho continua como activista cultural (para além de tomar conta de 90! crianças) e mantém, todos os domingos, na feira que se realiza na Praça Central, uma banca onde divulga vários livros de poesia, onde oferece alguns, e também jornais e outras publicações culturais. Nada é para vender: tudo é para consultar ou oferecer!!!
Regressando às “Terças Poéticas” organizadas pelo Wilmar Silva no Museu Chácara Dona Catarina com o apoio local do Ronaldo Werneck, foi uma noite bem agradável que se iniciou com a leitura de poemas de Guilhermino César (o poeta homenageado) por Renatta Barbosa, a que se seguiu uma leitura do poeta histórico Ronaldo Werneck, autor entre outros de 2 excelentes livros “Selva Selvaggia” e “Noite Americana Doris: Day by Night”, cujo trabalho já conhecia há vários anos e que tive agora o prazer de conhecer pessoalmente, pela simpatia com que nos recebeu e acompanhou durante a nossa estadia.
Depois foi a performance poética de Joaquim Palmeira e de Milton César Pontes, com a energia que caracteriza estes dois poetas mineiros, terminando a sessão de leituras com a minha intervenção.
A seguir foi a vez do artista Anand Rao, que musicou na hora poemas que lhe foram entregues na altura por alguns poetas que estavam a assistir ao evento. Quando o Wilmar me contou esta façanha do Anand, pensei que a qualidade do resultado não seria grande, mas enganei-me: Anand Rao é um muito bom improvisador e a sessão terminou animada com as suas canções.
Museu Chácara Dona Catarina
Ronaldo Werneck
Wilmar Silva e Milton César Pontes
Anand Rao