sábado, 14 de fevereiro de 2009

OS DIAS DO AMOR

Um poema para cada dia do ano
O que salta logo à vista quando se pega nesta antologia é a capa, chamativa, e o “volume” deste volume: 436 páginas (a contrastar, já agora, com o baixo preço pedido por esta obra).
Depois, aquilo que me admirou (e nunca esteve em causa a capacidade crítica de Inês Ramos, a organizadora do livro) foi a grande qualidade da (quase) totalidade dos 365 poemas antologiados que, admita-se, não é fácil de conseguir, sobretudo porque a temática se presta a “lamechices” menos interessantes…
Esta não é a minha temática preferida, e muito sinceramente pensei apenas em folhear o livro para ter uma ideia do que lá estava (e também por respeito ao trabalho que, imagino, a Inês terá tido), mas a verdade é que fiquei encantado com os primeiros poemas que li, escritos alguns séculos antes de Cristo e com os outros que se lhe seguem, com mais de 500 anos de idade, mas que revelam uma alegria, uma frescura e uma paixão que faz com que se mantenham até hoje perfeitamente actuais. Parece que o amor nos torna mesmo eternas crianças, joviais, alegres e com a paixão à flor da pele. Pelo menos é o que se deduz deste livro.
Mesmo os poemas que todos conhecemos, como o soneto de Luís de Camões, a “Cantiga, Partindo-se” de João Ruiz de Castelo Branco, ou a “Cantiga D’Amigo” de D. Sancho I, fora do contexto dos compêndios escolares, ganham uma outra dignidade, e revelam-se como verdadeiras obras-primas da poesia portuguesa.
Por falar em Luís de Camões (e também de Gil Vicente), é de (re)constatar a estrutura, o rigor, as rimas internas, a sonoridade, e a imagética dos seus poemas, que lhes confere um grau de pesquisa estética que a grande maioria dos poetas que se lhes seguiram não conseguiram atingir. Arrisco-me a dizer que se fossem vivos, tanto Camões como Gil Vicente seriam, muito provavelmente, poetas experimentais…
A Inês Ramos, com toda a abertura com que enfrentou este desafio (“Não segui “correntes”, nem estilos, nem tendências, apenas pretendi reunir poemas com a temática do amor, numa proposta o mais diversificada possível, desde a antiguidade até aos dias de hoje.”), não se coibiu de incluir uma obra de poesia experimental (E. M. de Melo e Castro), e um poema visual (Fernando Aguiar).
Deixei também esta referência a’ “OS DIAS DO AMOR”, não apenas por hoje ser o dia dos namorados, mas principalmente por fazer hoje dois anos que “O CONTRÁRIO DO TEMPO” teve início, o qual tem sido feito com muito carinho, muito trabalho e algum esforço à mistura, devido ao pouco tempo disponível (afinal tinha que haver uma nota “lamechas” nesta postagem, mas sem lágrima ao canto do olho…).
Apesar de não ser representativo do conteúdo do livro, aqui fica o visual incluído n’ “OS DIAS DO AMOR”, que recomendo vivamente. Quem não o encontrar à venda, poderá contactar a editora Ministério dos Livros em http://www.ministeriodoslivros.com/
Fernando Aguiar, s/título, 1998

2 comentários:

AB disse...

O Amor, como sentimento transversal e universal, será sempre actual, será sempre presente. Portanto este tema nunca passará de moda.Todos estes poemas, constituem de facto um testemunho inequívoco disso.
Parabéns também por todo o teu trabalho, Fernando.

Aida Beirão

Anónimo disse...

Encantador,primoroso, vou tentar achar este livro aqui em Fortaleza ou em outro lugar. Mas eu não poderia deixar de dizer que teu comentário faz com quem não esteja enaorado que assim tenha vontade de ficar. Parabéns é pouco.
Laura Lobato.