domingo, 29 de agosto de 2010

SIM A NEONÃO
O Jornal “Estado de Minas”, de Belo Horizonte, publicou ontem no caderno “Pensar” uma página dedicada ao recente CD de poesia “NEONÃO” de Wilmar Silva e de Francesco Napoli, lançado no dia 16 de Agosto no Palácio das Artes daquela cidade.
Nessa página consta uma fotografia do Wilmar Silva, dois extractos do poema / livro “Anu” e o meu texto intitulado “Sim a NEONÃO”, onde faço uma breve abordagem ao trabalho poético desenvolvido pelo Wilmar, e mais especificamente a este seu CD.
Wilmar Silva é um poeta e um agitador cultural bastante activo, autor do projecto e da antologia “PORTUGUESIA” cujo 2ª Encontro em Portugal foi apresentado no início de Junho, na Casa-Museu Camilo Castelo Branco, em S. Miguel de Seide / Famalicão, e que já aqui referi no final desse mês.
Acerca de “NEONÃO”, transcrevo alguns parágrafos: “Desde Philadelpho Menezes e das suas experiências poético-sonoras a solo ou em conjunto com Wilton Azevedo, mais voltadas para a componente tecnológica da palavra, e do soberbo “Nome” de Arnaldo Antunes, que não ouvia uma obra de poesia sonora de um autor brasileiro que me soasse de um modo inovador e entusiasmante.”
“A nível interpretativo Wilmar e Francesco afastam-se definitivamente da teatralização das interpretações (comum à maioria dos poetas brasileiros que dizem, encenam ou interpretam poesia), valorizando as frases poéticas e reforçando-as sonoramente em vez de as dramatizar. É assim que entendo a poesia sonora: interpretar o poema de uma forma criativa e rigorosa dos versos ou das palavras, potencializando-as vocálica e sonoramente através das consonâncias, dos ritmos, das entoações, das repetições e, por vezes, da própria desconstrução dos versos, das palavras ou das sílabas, reconstruindo desse modo a poética que cada poema encerra.”
“Mas nem só de poemas próprios vive este cd. O ritmo, a estrutura, as rimas internas, toda a imagética suscitada e a toada vocálica de “Saudade Dada”, um genial poema de Fernando Pessoa, com toda a propriedade pré-concretista, a (ab)usar criativamente (d)o som das sílabas e da multiplicidade de rimas de cada palavra, é um exemplo daquilo que tenho estado e referir.”
E termino com um parágrafo que foi parcialmente cortado na edição do “Estado de Minas”: “X” é um achado poético, que só a inventividade irreverente de Wilmar Silva poderia criar. E do mesmo modo que foi escrito, assim foi lido. Amém. Para quem não consegue entender o poema, o melhor é ouvir ax palavrax ditax pelo próprio onde a poesia ressalta por entre os poros e os X’s. Xe não entende então xmex xexcluax xdax xsuax xcacholax…”

2 comentários:

francesco napoli disse...

Grande Fernando Aguiar!!

obrigado pela sensibilidade!

Anónimo disse...

Wilmar Silva merece, seu amor pela poesia está em tudo que faz. Arranjos de pássaros e flores é um de seus melhores livros, e um dos melhores que já li. Janaina Melo