1º FESTIVAL INTERNACIONAL
DE POESIA VIVA
O Simpósio
do 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE POESIA VIVA decorreu entre os dias 26 e 29 de
Abril de 1987, faz agora precisamente 25 anos sobre esse acontecimento que foi
marcante na minha atividade poética, e que ficou na memória de todos os que
participaram nele, como tenho testemunhado ao longo dos anos.
Por
estranha coincidência, o pintor João Mário Penicheiro, a pessoa que me
incentivou a organizar o Festival na Figueira da Foz (inicialmente pretendia
organizá-lo em Lisboa), faleceu ontem. Lembro-me que o João Mário, pessoa por
quem sempre tive uma enorme estima, viveu intensamente esses dias, e como
homenagem a este pintor cuja obra não terá sido devidamente apreciada,
aproveito para agradecer, uma vez mais, o seu empenho e disponibilidade para
que o Festival se realizasse no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, dirigido pela Drª. Isabel Pereira, que apoiou desde o início este projeto que, na
altura, muita gente considerava impossível de realizar com a dimensão e a
projeção que teve, acompanhado por um catálogo com 250 páginas.
As
exposições do Festival, coordenado por Fernando Aguiar, E. M. de Melo e Castro
e por Rui Zink, inauguram a 3 de Abril de 1987, com a exposição de poemas
visuais constituída por obras de 124 poetas (poesia concreta, experimental, visual,
poesia-objeto, instalação poética, videopoesia e, pela primeira vez em
Portugal, obras de poesia holográfica), a maior parte criadas propositadamente
para o Festival, e por uma exposição documental com cerca de 1200 publicações
(livros, catálogos, revistas, cartazes, discos, etc.) relacionados com as
poéticas experimentais.
No texto
de apresentação escrevi que “O principal
objectivo do 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE POESIA VIVA”, foi o de apresentar,
pela primeira vez, obras recentes de um conjunto dos mais significativos poetas
de vanguarda internacionais, de modo a proporcionar uma visão alargada das
diversas correntes no âmbito da poesia de características experimentais”.
“No total, o 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE POESIA
VIVA”, conta com 219 participações de 29 países entre poetas, editoras,
revistas e arquivos de poesia…”
O Simpósio,
que tinha inicio pelas 9.00 horas e terminava por volta das 24.00 estava
estruturado com a audição de poesia sonora da parte da manhã (Maurizio Nannucci,
Henri Chopin, Dr. Klaus Groh, Harry Polkinhorn, Jean-François Bory, Philip
Corner, Arrigo Lora-Totino, Adriano Spatola, Enzo Minarelli, Richard Kostelanetz
e Salette Tavares, entre dezenas de outros poetas sonoros), durante a tarde
eram projetados videopoemas (António Dantas, António Nelos, Rigo, Xavier
Canals, Klaus Peter Dencker, Giovanni Fontana, Tibor Papp, assim como os filmes
de Ana Hatherly e de Sarenco, entre muitas outras obras) e, depois do jantar,
as performances e as intervenções poéticas de Ana Hatherly, Jürgen O. Olbricht,
José-Alberto Marques, Pablo del Barco, , Alain Arias-Misson, Julien Blaine,
Eduardo Kac, Gilberto Gouveia, Guy Bleus, Bernard Heidsiek, António Aragão,
Bartolomé Ferrando, Alberto Pimenta, e de Fernando Aguiar / Rui Zink. Os poetas
italianos Eugenio Miccini e Sarenco acabaram por não poder estar presentes por
um problema com a passagem aérea.
Ficou
muito por dizer acerca deste 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE
POESIA VIVA que, por razões várias, acabou por não ter mais edições, mas o texto já
vai longo e ficará para uma outra oportunidade.
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