sexta-feira, 25 de maio de 2012



ESTRATÉGIAS  DO GOSTO


Uns meses depois de ter sido publicado em São Paulo, pela Escrituras Editora, é com um enorme prazer que vejo a Palimage, da Terra Ocre – Edições, de Coimbra, editar na sua coleção “Palavra Poema”, o meu livro ESTRATÉGIAS DO GOSTO.

Por várias razões, mas também por este ser o primeiro livro que publico em Portugal desde 2002, altura em que organizei com o Jorge Maximino a antologia IMAGINÁRIOS DE RUPTURA / POÉTICAS EXPERIMENTAIS, numa edição do Instituto Piaget.

É certo que desde essa data publiquei outros 9 livros e chapbooks, mas todos no estrangeiro: Brasil, Canadá, Irlanda, Espanha, Estados Unidos da América e em Inglaterra. E ainda uma “2ª edição” (de apenas 15 exemplares) de PUSH NOW, em Itália, em 2007.

Em relação à edição brasileira, este livro só tem em comum os 54 poemas verbo-experimentais escritos entre o princípio dos anos 80 e 2009. As capas (ambas concebidas a partir de fotopoemas meus), o formato, os fotopoemas que são “capa” de capítulo, a biografia e o conteúdo das badanas são diferentes. A edição brasileira inclui ainda uma entrevista com o Prof. Rogério Barbosa da Silva, que não aparece na edição da Palimage.

Na edição de 16 de Maio do Jornal de Letras, refere-se que este é "Um novo livro na já longa bibliografia de Fernando Aguiar, um dos mais destacados nomes da "poesia visual" portuguesa, também performer, com muitas dezenas ou centenas de exposições, intervenções, publicações e colaborações não só em Portugal como em numerosos países. O título é Estratégias do Gosto, e parece-nos significativo não de outras facetas do seu trabalho mas do seu domínio da linguagem…”

Quero referir o profissionalismo do poeta Jorge Fragoso, o editor da Palimage, e a rapidez e eficiência com que foram tratados todos os aspectos que levaram à concretização do livro, desde a paginação e estruturação dos poemas experimentais até ao design da capa (contracapa e badanas incluídas).

Deixo aqui um dos poemas do livro, dedicado ao poeta brasileiro Álvaro de Sá:



POEMA-PROCESSO
                                        (Para o Álvaro de Sá)

Escreveu os versos na folha
mas não gostou.
Amachucou
e pôs de lado.

Tentou outra versão
que também não agradou.
Amachucou
e pôs de lado.

Insistiu, sem conseguir
o efeito desejado.
Amachucou
e pôs de lado.

Repisou de novo
sem resultado.
Amachucou
e pôs de lado.

O poema teimava
em não o ser. Desanimado,
amachucou
e pôs de lado.

Ficou sem folhas para escrever.
Mas o poema estava pronto.
Terminado.
Mesmo ali ao lado.


3 comentários:

Jussara Neves Rezende disse...

Que lindo o poema, Fernando! Amei!
;)
Parabéns pela publicação!
Abraço,
Jussara

jorge vicente disse...

Muito bom poema, caro Fernando!

Parabéns! Pelo poema e pelo livro!

Muitos abraços
Jorge Vicente

Máh disse...

Belissímo poema, Fernando, gostei muito do teu trabalho visual.

Mantemos contato, meu blog:

http://memoriasinquietantes.blogspot.com

Abraços, Máh Luporini