terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CONFRARIA
Depois de 24 edições digitais a revista CONFRARIA sai pela primeira vez em edição impressa no Rio de Janeiro sob a direcção de Márcio-André, com Ronaldo Ferrito e Victor Pães como editores no Brasil, e João Miguel Henriques com as mesmas funções em Portugal.
Com uma entrevista a Nei Lopes e dedicando um dossier à poesia finlandesa contemporânea, a CONFRARIA apresenta críticas, pensamentos, contos, poesia verbal e também visual.
Os autores são Octávio Paz, Maria Irene Ramalho, E. M. de Melo e Castro, Ortega y Grasset, Maria do Rosário Pedreira, António Almada Guerra, Francisco Serra Lopes, Rita Dahl, valter hugo mãe, Arnaldo Antunes, Fernando Aguiar, Gonçalo M. Tavares e Bruno Santos, entre alguns outros. E o material é muito bom.
Márcio-André, de quem recebi recentemente os livros “Intradoxos” (poesia de grande inventividade) e “Ensaios Radioativos” (que reúne ensaios que o autor publicou nos últimos anos) é conhecido como “o poeta radioativo”, por ter realizado um recital de poesia na cidade fantasma de Pripyat, em Chernobyl.
Como a revista é brasileira, fica aqui um dos meus poemas publicados na mesma, dedicado a Álvaro de Sá, um dos iniciadores do Poema-Processo.
.
POEMA-PROCESSO
.
(Para o Álvaro de Sá)
.
.
Escreveu os versos na folha
mas não gostou.
Amachucou
e pôs de lado.
.
.
Tentou outra versão
que também não agradou.
Amachucou
e pôs de lado.
.
.
Insistiu, sem conseguir
o efeito desejado.
Amachucou
e pôs de lado.
.
.
Repisou de novo
sem resultado.
Amachucou
e pôs de lado.
.
.
O poema teimava
em não o ser. Desanimado,
amachucou
e pôs de lado.

.

.

Ficou sem folhas para escrever.
Mas o poema estava pronto.
Terminado.
Mesmo ali ao lado.

Sem comentários: