sexta-feira, 15 de julho de 2011


NÓS (E) AS EMBALAGENS
DE PLÁSTICO

Em Julho de 1981 eu e o escultor João Limpinho, então estudantes da Escola Superior de Belas-Artes, realizámos na Galeria de Arte desta escola uma exposição intitulada “NÓS (E) AS EMBALAGENS DE PLÁSTICO, na sequência de trabalhos realizados nas disciplinas curriculares.

O objectivo dos estudos foi investigar e analisar o antropomorfismo mais ou menos evidente, da maior parte das embalagens de plástico. No texto de introdução do catálogo escrevemos o seguinte “A forma das embalagens, em muitos casos determinada por factores que pouco têm a ver com a sua função mas sim com a manipulação psicológica do consumidor, revela por vezes aspectos surpreendentes.

Um deles, extremamente curioso, é o antropomorfismo evidente de uma grande quantidade de embalagens de plástico. Na maioria dos casos esse carácter antropomórfico é dado essencialmente pelas linhas que definem os volumes, sobretudo as do contorno lateral, embora muitas delas tenham marcações anatómicas bem determinadas: cabeça, ombros, braços, peito, cintura, etc.

Por outro lado a cor, como elemento de acentuação, ajuda a caracterizar o género… porque existem embalagens “femininas” e “masculinas”. Os trabalhos que aqui se apresentam, inspirados nestas observações, têm um mero carácter experimental. São simples ensaios, tentativas despretensiosas para encontrar no lixo nosso de cada dia propostas de expressão plástica.”

As esculturas foram todas realizadas pelo João Limpinho, enquanto eu fiquei com a componente teórica da exposição e com o design do catálogo. Que foi todo realizado manualmente, excepto a impressão a vermelho no plástico que serviu de embalagem e que, devido à curiosidade e ao interesse que a exposição despertou, houve a necessidade de se fazer uma segunda edição.

Curiosidade motivada também pelo facto da exposição ter sido divulgada na 1ª página do “Correio da Manhã”, facto muito pouco comum na imprensa em Portugal, e com o “bombástico” título “Plástico e Arte dão Arte Plástica”. Para além deste destaque, o “Correio da Manhã” dedicou ainda 2 meias páginas centrais à exposição.

Fica aqui o registo, no preciso dia em que perfaz 30 anos sobre a realização desta exposição na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.










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