quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Z A ZERO

Z a Zero é a mais recente edição do poeta brasileiro Wilmar Silva, autor de uma trintena de livros de poesia, e com um incrível ritmo de publicações, se considerarmos que nestes últimos 4 anos o Wilmar deu à estampa 12 livros, entre originais e reedições, no Brasil, República Dominicana, Bolívia, Argentina e em Portugal. E nessas edições o tipo de letra, o design e o próprio papel onde são impressos são alvo de uma cuidada atenção.

Tive a oportunidade de assistir ao nascimento deste livro e do respectivo título e, desde logo, fiquei fascinado pela inventividade deste criador que, nos últimos anos, tem descoberto a experimentalidade poética e a sonoridade da poesia em palco.

Os dois posfácios do livro foram escritos por Mário Alex Rosa e por mim, e vou citar excertos desses textos, que dizem o essencial acerca do livro, polémico pela sua forma e conteúdo, já que se pode considerar um livro de sonetos. E inteiramente impresso a vermelho.

Mário Alex Rosa refere o seguinte: “Quando se lê seus poemas – muitos são um jorro, como se nos solicitasse uma leitura num fôlego só -, a sensação que se tem é que foram escritos intuitivamente, por outro lado, nota-se um rigor na composição dos versos, na construção equilibrada, como se fosse um poeta de linhagem mais construtivista. Como se vê, são duas vertentes bem distintas, mas que parecem amalgamar-se em Wilmar Silva de forma natural…”

Quanto a Fernando Aguiar, “moi-même”, escreveu que “Com uma temática conceptual que não retira nada à sua essência, estes poemas são trabalhados de uma forma rigorosa nos conceitos que referi: têm uma estrutura poderosíssima, um som muito próprio, no aspeto técnico são poemas concebidos pela repetição de cada letra por cada uma das vinte e seis que constituem o alfabeto,…”

“Z a Zero” é igualmente uma obra inventiva no seu minimalismo estético, conseguindo criar uma sequência de poemas com um conjunto reduzido de elementos gráficos. Porque, curiosamente, “Z a Zero” é um livro constituído por vinte e seis poemas que não contêm uma única palavra que possa ser encontrada no dicionário. E no entanto diz tudo.”

Para além de poeta, Wilmar Silva tem tido uma atividade imparável como editor (Anome Edições), com duas dúzias de edições anuais, coordena as “Terças Poéticas”, um evento semanal de poesia apresentado no Palácio da Artes, o mais importante espaço cultural de Belo Horizonte, por onde têm passado significativos poetas brasileiros e alguns estrangeiros, e é o coordenador de “Portuguesia – Festa da Poesia Lusófona”, realizado em Portugal e no Brasil, nos quais reuniu dezenas de poetas de língua portuguesa ao longo das suas 5 edições. Em Portugal “Portuguesia” têm sido apresentada na Casa Camilo Castelo Branco em S. Miguel de Seide, em co-coordenação com o poeta Luís Serguilha.

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